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A CRISE ESTRUTURAL DA ACADEMIA Por Prof. Dr. Ari Solon Como preparar aulas? Eu começo do zero. A aula é sobre Kelsen. Não repito o que ensinei há 40 anos. Releio os mesmos livros, mas busco enfoques criativos, nunca pensando no passado, mas sempre no presente. Sou extremista, mas penso nos alunos moderados que têm direito de conhecer a ortodoxia também. Assim, apresento os esquemas tradicionais de leitura e nas entrelinhas apresento meu ponto de vista, ressaltando que se eu sou revolucionário, ninguém precisa ser. Imagem por: Ramon Baptistella Esse era o modelo romano de ensino: pelo exemplo da ação. O modelo da academia grega é um fracasso para o direito, a exemplificar como as preocupações do presente rearranjam os textos que retorno para preparar minhas aulas. Aliás, só serviu na antiguidade para formar políticos sedentos de poder, como na nossa faculdade. Amo mesmo os alunos que ganham bônus como trainees nos escritórios, ganham medalhas no Interusp e só postam fotos de baladas de música eletrônica, que eu odeio. Ainda assim, todos vocês fazem teses de láurea brilhantes. Porque sabem que o ensino jurídico não é na sala de aula, mas nas extensões sobre Escola Austríaca, Hilda Hilst, direito romano e arbitragem. Essa é a leitura de Kelsen, que segue Nietzsche passo-a- passo no seu engajamento com Platão. Veja que a Academia de Platão derrubou a pólis helênica mais próspera, a de Siracusa, com suas investidas mal-sucedidas em realizar completamente o simbólico no real. O ensino jurídico está em crise na faculdade há 190 anos. Então não é uma crise, mas um problema estrutural. A solução é ir para o pátio, jogar xadrez, fazer gazeta e ganhar as batalhas jurídicas com ciência do direito, e não chicanas. 31/03/2019 15 © Gazeta Arcadas