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Interações de gênero na Adilson, uma figura
Faculdade de Direito
conhecida no largo
Por Leticya Simões
Por Beatriz Massa
Ontem, 21 de março, a Faculdade de Direito promoveu o Ciclo
de Debates sobre Questões de Gênero: Interações de gênero
no ambiente acadêmico e nas carreiras jurídicas, por ocasião
da publicação da pesquisa Interações de gênero nas salas de
aula da Faculdade de Direito da USP: um currículo oculto?,
realizada pelo Grupo de Pesquisa e Estudos sobre Inclusão na
Academia (GPEIA) e orientada pela Prof. Dra. Sheila
Christina Neder Cerezetti.
Adilson Guilhem Junior é Franciscano de longa data: trabalha
há um ano e meio na Assistência Acadêmica, e outros seis
atuou na Seção Técnica de Informática. Famoso por sua
simpatia e sociabilidade, considera o contato com a
diversidade um grande motor para seu crescimento pessoal.
“Aqui acontecem várias coisas interessantes, toda semana
algum aluno apronta alguma, no bom sentido é claro.”, relata.
Na primeira metade do evento, foi apresentada a pesquisa que
originou a publicação, que, ao debruçar-se sobre os desafios
do convívio discente-discente e docente-discente no ambiente
acadêmico da São Francisco, analisou como se dão as
interações nas salas de aula, buscando compreender como e de
que forma o processo de ensino e aprendizagem é marcado por
dinâmicas de gênero.
Esse contato acontece, por
exemplo, através da música:
baterista e fã de Pink Floyd,
Adilson realizou execuções
memoráveis de Dark Side of
the Moon em 2017, mas seu
ponto
alto
foi
uma
apresentação do álbum The
Wall no porão da faculdade,
com uma banda formada por
alunos, próximo ao segundo
turno das eleições de 2018. A
inspiração veio da turnê do vocalista Roger Waters, que
utilizou as músicas da banda como um protesto contra a
ascensão do fascismo no Brasil. “Foi muito bom, lotou o porão
e todo mundo gostou, certamente foi uma das histórias que
mais me marcaram.”, lembra o baterista.
A iniciativa para o estudo surgiu de uma demanda das próprias
alunas, que não se sentiam à vontade para participar da aula
como seus colegas homens e que, quando participavam, não
eram ouvidas.
O nascimento do GPEIA se deu, então, a partir do desejo de
saber se o sentimento partilhado pelas alunas se tratava de algo
individual ou estrutural. Elas contataram a Prof. Sheila em
2015 e a partir daí deram início à pesquisa.
A publicação se deu em parceria com a UNESCO como parte
dos esforços desta entidade para consecução da Agenda 2030
para o Desenvolvimento Sustentável, que tem, dentre seus
objetivos, a promoção da igualdade de gênero. O livro já está
disponível[1] na Biblioteca Digital da UNESCO e é de
download gratuito.
Grande conhecedor da história da faculdade, Adilson acumula
mais de 10 livros sobre o Largo, sendo “A Heroica Pancada –
CA XI de Agosto: 100 anos de Lutas” um de seus mais
recomendados. Segundo ele, a obra é essencial para a
compreensão do passado e das grandes figuras da São
Francisco. Adilson está sempre presente nos eventos da
faculdade, muitas vezes tocando piano. Porém, seu evento
favorito são os Jogos Jurídicos Estaduais, tradicional
competição esportiva entre as faculdades de Direito de São
Paulo. Diz ser o momento em que várias amizades do Largo
começam, com a criação de vínculos e a convivência por três
dias, curtindo e torcendo pela vitória de sua escola.
Na segunda metade do evento, mulheres das mais diversas
carreiras jurídicas palestraram acerca dos desafios e avanços
nas interações de gênero em suas respectivas áreas de atuação.
[1] https://unesdoc.unesco.org/permalink/P-541c55e4-c63f-
4fa7-8912-b3e6879f81d9
31/03/2019
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