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Administrativo Interdisciplinar, mas seria isso
suficiente?
TEMOR DOS QUE NUNCA TEMERAM
Por Gabriel T.S
Sem sombra de dúvidas, não há quem vá de
encontro aos Direitos Humanos em abstrato
dentro de uma Faculdade de Direito tão
tradicional como a nossa. Mas o que é feito, de
fato, para garanti-los no interior das Arcadas?
O Deputado Federal Márcio Labre, colega
partidário do recém-eleito Presidente da
República Federativa do Brasil, Jair Messias
Bolsonaro, pôs em trâmite no Congresso um
Projeto de Lei com um objetivo: retroação da
submissão feminina. Após essa afirmação, muitos
adeptos e simpatizantes do novo Governo
negaram os dizeres supracitados. Porém, ao
levarmos o ato às consequências finais, é inegável
que teríamos a volta do mundo das décadas de
1960 e 1970.
A
revolução
sexual
trazida
pelos
anticoncepcionais foi um marco histórico,
representante da possibilidade de maior
liberdade sexual e do consequente aumento na
emancipação feminina. O anticoncepcional
trouxe, portanto, maior poder de decisão e
autonomia à mulher, possibilitando que ela
pudesse
manter
relações
sexuais
sem,
necessariamente, assumir o risco de engravidar, o
que, sob a mentalidade da época, seria sinônimo
de ‘fim de carreira’, em termos sociais e
econômicos, para uma mulher. A emancipação
feminina causada pelos anticoncepcionais abriu
caminho às bravas e pioneiras mulheres que
enfrentaram o mercado de trabalho, culminando,
hoje, e cada vez mais, em sua inserção nos
diversos ramos do mercado.
Dessa forma, não nos é estranho entender os
motivos pelos quais o honorável deputado Márcio
teme tanto, como nunca antes temera, os
anticoncepcionais,
acima
dos
valores,
supostamente, cristãos: há, implicitamente, o
medo de perder espaço em um mercado que,
quase exclusivamente, foi pertencente ao seu
grupo de homens brancos.
Cabe a aposentadoria compulsória. Cabem
medidas
administrativas
e
manifestações
públicas. Cabe até mesmo a rediscussão quanto
ao Código de Ética da USP e quanto à
necessidade de mecanismos que procurem
salvaguardar o respeito às minorias. É paradoxal
que dentro de uma Faculdade de Direito, repleta
de discussões sobre Direitos Humanos em
abstrato, tão pouco seja feito para proteger os
direitos das minorias sociais.
Em suma, é preciso agir de maneira incisiva. Agir
tanto dentro do sistema quanto fora dele. Mais
que discutir, precisamos pressionar a Faculdade e
a Universidade para impedir que o próprio
Gualazzi, ou mesmo outros professores, sigam
em suas idas e vindas periódicas no mesmo velho
e sempre novo discurso de ódio que sempre
ressurge, às claras ou veladamente, em nossa
Academia.
31/03/2019
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