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{ enublava-lhe o espírito, para bem da poesia que lhe deve mais de uma elegia comovente. } prosador como poeta, pode-se afirmar, pelo que deixou ver e entrever, quanto se devia esperar dele, alguns anos mais. Como poeta humorístico, Azevedo ocupa um lugar muito distinto. A viveza, a originalidade, o chiste, o humour dos versos deste gênero são notáveis. Nos Boêmios , se pusermos de parte o assunto e a forma, acha-se em Azevedo um pouco daquela versificação de Diniz, não na admirável cantata de Dido, mas no gracioso poema do Hyssope . Azevedo metrificava ás vezes mal, tem versos incorretos, que havia de emendar sem dúvida, mas em geral tinha um verso cheio de harmonia e naturalidade, muitas vezes numeroso, muitíssimas eloquente. O que deixamos dito de Azevedo podia ser desenvolvido em muitas páginas, mas resumo completamente o nosso pensamento. Em tão curta idade, o poeta da Lira dos Vinte Anos deixou documentos valiosíssimos de um talento robusto e de uma imaginação vigorosa. Avalie-se por aí o que viria a ser quando tivesse desenvolvido todos os seus recursos. Diz-nos ele que sonhava, para o teatro, uma reunião de Shakespeare, Calderón e Eurípedes, como necessária à reforma do gosto da arte. Um consórcio de elementos diversos, revestindo a própria individualidade, tal era a expressão de seu talento. Ensaiou-se na prosa, e escreveu muito. Era frequentemente difuso e confuso; faltava-lhe precisão e concisão. Tinha os defeitos próprios das estreias, mesmo brilhante como eram as dele. Procurava a abundância e caía no excesso. A ideia lutava-lhe com a pena, e a erudição dominava a reflexão. Mas se não era tão {} revisado a partir do texto publicado no Diário do Rio de Janeiro , em 26 de junho de 1866, na seção “Semana Literária”, disponível na Hemeroteca Digital Brasileira (Biblioteca Nacional). No texto original, não há título, apenas o nome da seção anteriormente mencionada. A EDITORA C ARAMBAIA LANÇARÁ , EM AGOSTO , UMA NOVA EDIÇÃO DE D OM C ASMURRO , DE M ACHADO DE A SSIS . E STUDOS SOBRE M ACHADO DE A SSIS Um mestre na periferia do capitalismo {ensaios} Machado de Assis: impostura e realismo {ensaios} _John Gledson _Roberto Schwarz _ Trad. Fernando Py _Editora 34 _Companhia das Letras _2000 {1ª edição} {voz da literatura} n. 2 | junho | 2018 _1991 {1ª edição} {21}