Vida de Restaurante Gestão e Negócios - 1ª Edição | Page 27
de confiança não tenham retomado a
patamares históricos.
Muito embora a economia tenha,
aparentemente, estabilizado, existem
ainda
perguntas
importantes
sem
resposta muito clara: Como será a
retomada? Iremos crescer em 2017?
Quanto?
A realidade é que a retomada da economia
será lenta: (a) o consumidor, embora
menos endividado, ainda tem receio
do desemprego e restringe consumo;
e (b) as empresas, que sofreram
brutalmente durante este período, estão
fragilizadas e sem condições de investir,
ou cautelosas, aguardando sinais mais
claros de retomada para investir; (c) o
governo, por sua vez, não tem recursos
para bancar uma retomada via obras de
infraestrutura. Neste contexto, podemos
esperar estabilidade ou um crescimento
baixo em 2017 – entre 0% e 0,5%, com
sinais mais claros de recuperação no
segundo semestre.
Esta retomada, porém, depende da
capacidade do governo em promover
reformas,
particularmente
a
da
Previdência, para que as contas do governo
possam novamente se reequilibrar. O
crescimento mais acelerado, todavia,
demanda outras reformas, para que
efetivamente o Custo Brasil possa
ser reduzido de forma substancial:
mudanças nas leistrabalhistas, redução
da complexidade tributária, maior
segurança jurídica e queda efetiva na
taxa de juros real.
Este cenário de lenta recuperação não
significa que todas as empresas ou
setores tenham sofrido igualmente.
Algumas empresas se beneficiaram
da fragilidade de concorrentes (vide
número recorde de recuperações
judiciais). Alguns setores, notadamente
o agronegócio, continuam apresentado
vantagens competitivas suficientemente
robustas para crescer em 2017. Por
fim, o setor de consumo de bens não-
duráveis, incluindo alimentos, deve
também crescer a uma taxa ligeiramente
superior ao PIB: consumidores menos
endividados terão mais renda disponível
para consumo, mas tendem a não
comprar bens duráveis por receio de
comprometimento de renda em cenário
incerto.
Enfim, 2017 pode ser o início de uma
jornada de recuperação. A velocidade e
robustez desta recuperação dependem
de reformas que visem o aumento da
produtividade e competitividade no
Brasil. Caso contrário, iremos observar
o padrão de outras crises: retomada
tênue, com recessão em seguida, o já
conhecido “voo de galinha”.
(*) Leticia Costa, sócia da Prada Assessoria e
membro dos conselhos da Localiza, RBS, Mapfre e
Martins / integrante do comitê de auditoria da Voto-
rantim Cimentos e da Votorantim Metais)
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