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Essas disputas geram discussões e reflexões podendo até serem
extremamente saudáveis para a vida em sociedade. O problema começa
quando essas diferenças são desleais para alguns grupos, como por
exemplo, a pressão exercida por grandes incorporadoras e construtoras
será muito maior do que aquela feita por uma associação de moradores.
Trata-se das estratégias de atuação dos atores envolvidos, interessados
nas transformações correlacionando tempo e espaço.
O mercado e suas leis de oferta e demanda exercem forças sobre
as transformações que acontecem nas cidades, que usualmente são
excludentes e segregadoras. Tanus e Castro (2010, p. 19) relacionam o
papel do planejamento urbano com a dinâmica que rege o mercado,
justamente por entender que este apresenta deficiências no atendimento
à sociedade:
O planejamento urbano tem como objetivo geral a
correção das ‘falhas de mercado’ no atendimento às
demandas sociais voltadas para a terra urbana, para as
redes de infraestrutura, para os equipamentos e serviços
públicos. (TANUS e CASTRO, 2010, p. 19)
4.5.1
Imóvel vazio na cidade média no Brasil
Observou-se que toda vez que a questão dos imóveis vazios em
áreas centrais é abordada, fala-se apenas das grandes cidades (como Rio
de Janeiro, São Paulo, Vitória) e muito pouco, ou nada, é dito sobre as
cidades médias (até 500.000 habitantes). Os problemas enfrentados
pelas cidades médias são extremamente semelhantes e apenas se
diferem na escala, seja nas distâncias dentro da cidade seja na escala do
próprio imóvel vazio. Enquanto nas cidades grandes, esses imóveis vazios
são prédios com muitos andares ou grandes galpões de antigas fábricas,
nas cidades médias, tais imóveis costumam ser casas e possuir até 2
pavimentos.