Turismo | Travel Especial Férias A Cabra | 2006 | Page 9

OUTROS RUMOS ESPECIAL VERÃO 9 12 DE JULHO DE 2005 PUBLICIDADE Caminhadas pelo litoral Porto Côvo e Vila Nova de Milfontes têm as principais praias da Costa Vicentina CLÁUDIO VAZ Um passeio tranquilo à beira–mar, a admirar falésias escarpadas e ex- plorar as praias semi–desertas é uma das principais ofertas pro- porcionadas pela Costa Vicentina José Manuel Camacho A proposta de hoje é fazer um pé- riplo pela praia, mais precisamente pelo Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. São dois quilómetros de largura paralela à linha da costa, entre S. Torpes (Si- nes), no topo norte, e Burgau (Vila do Bispo), no extremo sul. Os “Ou- tros Rumos” atravessaram este lito- ral desde Porto Côvo até a Zambu- jeira do Mar, uma extensão que estava dentro do nosso alcance de locomoção pedonal. Imortalizada pela voz de Rui Ve- loso, Porto Côvo é uma localidade que testemunha a invasão pacífica de quem veio à procura de tranquili- dade. A calma dos anciãos, em con- versa de mesa de café com um copo de vinho e um bolo que vai sendo consumido aos poucos no Praça Marquês de Pombal, olha atenta- mente o viajante recém–chegado. As praias visíveis de cima das fa- lésias colocam–nos na dúvida de co- mo acedê–las. A solução é uma sur- presa: tendo acesso a uma através das escadas, as restantes estão à mão através das falhas das rochas ou contornando os rochedos, dentro de águas calmas e não muito profun- Os recantos da Costa Vicentina são uma opção para quem quer fazer praia com a tranquilidade alentejana das. Ao longe, o Forte de Porto Cô- vo e a Ilha do Pessegueiro apelam para uma visita. Próximo destino: Vila Nova de Milfontes. São cerca de dez quiló- metros em caminhos que nem sem- pre são de terra batida mas de areia fofa, o que exige mais esforço quan- do se transporta uma mochila ainda pesada. A localidade costeira é visivel- mente maior e mais desenvolvida ao nível da oferta turística. São as suas praias fluviais e a costa que chamam mais a atenção dos visitantes. As águas do Mira proporcionam o des- canso de famílias que não têm que se preocupar com a segurança das crianças, já que as águas são tran- Portel do tempo quilas e redes de pesca delimitam o máximo que se pode afastar da mar- gem. A Zambujeira do Mar é uma po- voação pequena, composta por cerca de miradouro para o Atlântico. Ex- perimente passar a noite numa delas, ouvindo a orquestra do mar sob o céu estrelado. Junho de 2004 Informações Úteis Como ir: Autocarros partem diariamente, com transbordo em Lisboa. Coimbra para Porto Côvo: ida e volta - 17 euros (menos 30 por cento com desconto de Cartão Jovem) Onde ficar: Esta zona apresenta diversas ofertas de parques de campismo, como por exemplo o Parque de Campismo de Porto Côvo ou o Camping Férias em Vila Nova de MilFontes. Nestes estabelecimentos o Cartão Jovem é CLÁUDIO VAZ. Portel, típica aldeia alentejana oferece a possibilidade de descobrir a pacatez e simplicidade das suas gentes Hoje, a vila de Portel é sede de um concelho que conta com oito freguesias e mais sete pe- quenas aldeias, mas é na Idade Média que en- contramos um bom marco para começarmos a visualizar a história desta simpática vila. Foi nesta época, num tempo que a lei era a espada e a honra era uma virtude, que Afonso III oferece a D. João Peres de Aboim as terras de Portel. Mais tarde, em 1261, a vila recebeu o seu foral, na mesma altura em que se iniciou a construção da sua fortaleza e do seu castelo, que resistiu á acção do tempo e se tornou no monumento turístico da vila. A região ainda passa pelas mãos castelha- nas, que mais tarde voltariam à coroa portu- guesa graças aos esforços de D. Nuno Álvaro Pereira. Já no século XV, as terras de Portel mudam mais uma vez de mãos e passam a constar na lista de bens da família de Bragan- ça, após o matrimónio da filha de D. Nuno com o 1º duque da família Real. A distância da vila em relação a outros concelhos também é curiosa pelo ponto de vista medieval. Em tempos que o cavalo era o principal meio de transporte, o percurso dos mensagei- de 900 pessoas, crescen- do naturalmente pela visita dos tu- ristas. Do cimo das altas falésias tem–se uma visão sobre as praias de águas claras e estas servem também ros montados não podia ultrapassar a média dos 40 quilómetros. Este pormenor do passa- do contribuiu para a existência e localização da antiga vila. As gentes de Portel assemelham–se no ves- tuário e no jeito de ser com a imagem que te- mos do povo alentejano. Mas é na rua e nos bancos de praças que está a oportunidade de entrar em contacto com as pessoas e descobrir que o Alentejo de Portel é autêntico e particu- lar, através da simplicidade de quem gosta de receber visitantes. A 25 quilómetros, na freguesia de Alqueva, encontra–se a famosa barragem com o mesmo nom, cuja existência gera polémicas. Por um lado, está a sua importância por concentrar água na região, por outro, os ambientalistas queixam-se da destruição do habitat e a des- matação de milhares de árvores. CV Maio de 2005 aceite. Existem outras alternativas na área do turismo rural, passando também por pousadas da juventude ou por hotéis. A visitar: Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vi- centina, em Odemira; o Castelo de Sines e o Forte de Porto Covo. Sugere–se ainda a Ilha do Pessegueiro, um dos ex–libris da Costa Sudoeste. Para a visitar, existem de Junho a Setembro, visitas guiadas, em bar- co com partida em Porto Covo. A cidade do campo DANIEL CAMACHO Visitar o Castelo de Beja é um trajecto indispensável para quem queira mergulhar na história da capital do Baixo Alentejo A antiga Pax Julia dos romanos situa–se sensivelmente a meio caminho entre Lisboa e Faro. Capital do Baixo Alentejo, Beja é uma cidade rural que faz assim a ponte entre o in- terior cada vez mais desertificado do país e o litoral. Nela podem encontrar–se estruturas que permitem, à primeira vista, fixar a popula- ção: desde o Instituto Politécnico até as gran- des cadeias de consumo de massas (quase to- das as marcas de supermercado estão lá instaladas, algumas delas à entrada da cidade. Se não fosse a placa da Câmara Municipal a dar as boas vindas ao visitante, seria o logóti- po do Intermarché). Dando um salto no tempo através da zona histórica, encontramos o antigo Convento de Nossa Senhora da Conceição que aloja hoje em dia o Museu Regional: é um edifício que mistura diferentes estilos arquitectónicos mas é mais conhecida pela “Janela da Mariana” onde se diz que a freira Mariana Alcoforado via passar o seu amado, o oficial francês Noel Bouton, Conde de Chamilly. Escreveu–lhe cartas arrebatadoras e até foi visitada por ele. Outra figura histórica alentejana de provec- ta idade foi Gonçalo Mendes da Maia, mem- bro de uma família nobre, descendente directo de Ramiro II, Rei de Leão. Ganhou a alcunha de “O Lidador” por ter lutado proficuamente contra os Mouros. Foi perto de Beja que o es- forçado guerreiro, então com 95 anos, foi feri- do numa batalha contra o rei Almoliamar. Res- gatado pelos filhos de Egas Moniz, ficou bastante maltratado mas ainda foi a tempo de combater Alboacim, rei de Tânger, onde aca- bou por falecer. Para imaginar estas cenas da reconquista cristã, nada como subir ao Castelo de Beja, edificado por D. Dinis, e admirar a vasta pla- nície num entardecer. JMC Março de 2005