OUTROS RUMOS
ESPECIAL VERÃO
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12 DE JULHO DE 2005
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Caminhadas pelo litoral
Porto Côvo e Vila Nova de Milfontes têm as principais praias da Costa Vicentina
CLÁUDIO VAZ
Um passeio tranquilo à
beira–mar, a admirar
falésias escarpadas e ex-
plorar as praias
semi–desertas é uma das
principais ofertas pro-
porcionadas pela Costa
Vicentina
José Manuel Camacho
A proposta de hoje é fazer um pé-
riplo pela praia, mais precisamente
pelo Parque Natural do Sudoeste
Alentejano e Costa Vicentina. São
dois quilómetros de largura paralela
à linha da costa, entre S. Torpes (Si-
nes), no topo norte, e Burgau (Vila
do Bispo), no extremo sul. Os “Ou-
tros Rumos” atravessaram este lito-
ral desde Porto Côvo até a Zambu-
jeira do Mar, uma extensão que
estava dentro do nosso alcance de
locomoção pedonal.
Imortalizada pela voz de Rui Ve-
loso, Porto Côvo é uma localidade
que testemunha a invasão pacífica
de quem veio à procura de tranquili-
dade. A calma dos anciãos, em con-
versa de mesa de café com um copo
de vinho e um bolo que vai sendo
consumido aos poucos no Praça
Marquês de Pombal, olha atenta-
mente o viajante recém–chegado.
As praias visíveis de cima das fa-
lésias colocam–nos na dúvida de co-
mo acedê–las. A solução é uma sur-
presa: tendo acesso a uma através
das escadas, as restantes estão à mão
através das falhas das rochas ou
contornando os rochedos, dentro de
águas calmas e não muito profun-
Os recantos da Costa Vicentina são uma opção para quem quer fazer praia com a tranquilidade alentejana
das. Ao longe, o Forte de Porto Cô-
vo e a Ilha do Pessegueiro apelam
para uma visita.
Próximo destino: Vila Nova de
Milfontes. São cerca de dez quiló-
metros em caminhos que nem sem-
pre são de terra batida mas de areia
fofa, o que exige mais esforço quan-
do se transporta uma mochila ainda
pesada.
A localidade costeira é visivel-
mente maior e mais desenvolvida ao
nível da oferta turística. São as suas
praias fluviais e a costa que chamam
mais a atenção dos visitantes. As
águas do Mira proporcionam o des-
canso de famílias que não têm que
se preocupar com a segurança das
crianças, já que as águas são tran-
Portel do tempo
quilas e redes de pesca delimitam o
máximo que se pode afastar da mar-
gem.
A Zambujeira do Mar é uma po-
voação pequena, composta por cerca
de miradouro para o Atlântico. Ex-
perimente passar a noite numa delas,
ouvindo a orquestra do mar sob o
céu estrelado. Junho de 2004
Informações Úteis
Como ir:
Autocarros partem diariamente, com transbordo em
Lisboa.
Coimbra para Porto Côvo: ida e volta - 17 euros
(menos 30 por cento com desconto de Cartão Jovem)
Onde ficar:
Esta zona apresenta diversas ofertas de parques de
campismo, como por exemplo o Parque de Campismo
de Porto Côvo ou o Camping Férias em Vila Nova de
MilFontes. Nestes estabelecimentos o Cartão Jovem é
CLÁUDIO VAZ.
Portel, típica aldeia alentejana
oferece a possibilidade de
descobrir a pacatez e
simplicidade das suas gentes
Hoje, a vila de Portel é sede de um concelho
que conta com oito freguesias e mais sete pe-
quenas aldeias, mas é na Idade Média que en-
contramos um bom marco para começarmos a
visualizar a história desta simpática vila.
Foi nesta época, num tempo que a lei era a
espada e a honra era uma virtude, que Afonso
III oferece a D. João Peres de Aboim as terras
de Portel. Mais tarde, em 1261, a vila recebeu
o seu foral, na mesma altura em que se iniciou
a construção da sua fortaleza e do seu castelo,
que resistiu á acção do tempo e se tornou no
monumento turístico da vila.
A região ainda passa pelas mãos castelha-
nas, que mais tarde voltariam à coroa portu-
guesa graças aos esforços de D. Nuno Álvaro
Pereira. Já no século XV, as terras de Portel
mudam mais uma vez de mãos e passam a
constar na lista de bens da família de Bragan-
ça, após o matrimónio da filha de D. Nuno
com o 1º duque da família Real. A distância da
vila em relação a outros concelhos também é
curiosa pelo ponto de vista medieval.
Em tempos que o cavalo era o principal
meio de transporte, o percurso dos mensagei-
de 900 pessoas, crescen-
do naturalmente pela visita dos tu-
ristas. Do cimo das altas falésias
tem–se uma visão sobre as praias de
águas claras e estas servem também
ros montados não podia ultrapassar a média
dos 40 quilómetros. Este pormenor do passa-
do contribuiu para a existência e localização
da antiga vila.
As gentes de Portel assemelham–se no ves-
tuário e no jeito de ser com a imagem que te-
mos do povo alentejano. Mas é na rua e nos
bancos de praças que está a oportunidade de
entrar em contacto com as pessoas e descobrir
que o Alentejo de Portel é autêntico e particu-
lar, através da simplicidade de quem gosta de
receber visitantes.
A 25 quilómetros, na freguesia de Alqueva,
encontra–se a famosa barragem com o mesmo
nom, cuja existência gera polémicas. Por um
lado, está a sua importância por concentrar
água na região, por outro, os ambientalistas
queixam-se da destruição do habitat e a des-
matação de milhares de árvores. CV
Maio de 2005
aceite. Existem outras alternativas na área do turismo
rural, passando também por pousadas da juventude ou
por hotéis.
A visitar:
Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vi-
centina, em Odemira; o Castelo de Sines e o Forte de
Porto Covo. Sugere–se ainda a Ilha do Pessegueiro,
um dos ex–libris da Costa Sudoeste. Para a visitar,
existem de Junho a Setembro, visitas guiadas, em bar-
co com partida em Porto Covo.
A cidade do campo
DANIEL CAMACHO
Visitar o Castelo de Beja é um
trajecto indispensável para
quem queira mergulhar na
história da capital do Baixo
Alentejo
A antiga Pax Julia dos romanos situa–se
sensivelmente a meio caminho entre Lisboa e
Faro. Capital do Baixo Alentejo, Beja é uma
cidade rural que faz assim a ponte entre o in-
terior cada vez mais desertificado do país e o
litoral. Nela podem encontrar–se estruturas
que permitem, à primeira vista, fixar a popula-
ção: desde o Instituto Politécnico até as gran-
des cadeias de consumo de massas (quase to-
das as marcas de supermercado estão lá
instaladas, algumas delas à entrada da cidade.
Se não fosse a placa da Câmara Municipal a
dar as boas vindas ao visitante, seria o logóti-
po do Intermarché).
Dando um salto no tempo através da zona
histórica, encontramos o antigo Convento de
Nossa Senhora da Conceição que aloja hoje
em dia o Museu Regional: é um edifício que
mistura diferentes estilos arquitectónicos mas
é mais conhecida pela “Janela da Mariana”
onde se diz que a freira Mariana Alcoforado
via passar o seu amado, o oficial francês Noel
Bouton, Conde de Chamilly. Escreveu–lhe
cartas arrebatadoras e até foi visitada por ele.
Outra figura histórica alentejana de provec-
ta idade foi Gonçalo Mendes da Maia, mem-
bro de uma família nobre, descendente directo
de Ramiro II, Rei de Leão. Ganhou a alcunha
de “O Lidador” por ter lutado proficuamente
contra os Mouros. Foi perto de Beja que o es-
forçado guerreiro, então com 95 anos, foi feri-
do numa batalha contra o rei Almoliamar. Res-
gatado pelos filhos de Egas Moniz, ficou
bastante maltratado mas ainda foi a tempo de
combater Alboacim, rei de Tânger, onde aca-
bou por falecer.
Para imaginar estas cenas da reconquista
cristã, nada como subir ao Castelo de Beja,
edificado por D. Dinis, e admirar a vasta pla-
nície num entardecer. JMC
Março de 2005