Turismo | Travel Especial Férias A Cabra | 2006 | Page 4

4 ESPECIAL VERÃO: COIMBRA EM FÉRIAS 12 DE JULHO DE 2005 Desporto e voluntariado animam o Verão FRANCISCA MOREIRA Aproxima–se a passos largos o período do ano mais aguardado pelos estudantes: as férias. Apesar de perder grande parte da sua população estudantil, Coimbra desenvolve nesta época diversos programas de ocupação dos tempos livres Ana Bela Ferreira Diana do Mar Agora que os estudantes se despe- dem dos exames, muitos são os que também dizem adeus à cidade. Coimbra fica assim mais deserta e perde a atmosfera académica a que está habituada durante o resto do ano. O mês de Agosto revela uma cidade cheia de espaços vazios: ruas, cafés, cinemas, discotecas an- seiam pelo regresso dos estudantes e pela agitação que estes trazem a Coimbra. A pensar em todos os que vivem ou decidem passar as férias na cida- de foram desenvolvidas várias ini- ciativas que têm como principais objectivos a ocupação de tempos li- vres e o combate ao sedentarismo. Promovidos pela Câmara Municipal de Coimbra (CMC) e pelo Instituto Português da Juventude (IPJ) estes projectos estão à disposição dos jo- vens desde o início deste mês. “Coimbra Jovem em Acção” sur- ge pela primeira vez no distrito de Coimbra e é “um dos programas mais importantes da actual verea- ção”, segundo o assessor do Pelouro do Desporto e da Juventude da CMC, Nuno Prata. Num regime de 20 voluntários em cada turno, os jo- vens vão estar junto dos responsá- veis do departamento de ambiente e qualidade de vida e do departamen- to do desporto, a realizar campanhas de sensibilização do ponto de vista ecológico e recolha selectiva de lixo pela cidade. Esta acção decorre até ao dia 20 de Setembro, sendo inter- rompida durante o mês de Agosto. A incerteza dos resultados da di- vulgação e dos níveis de adesão conduziu a uma fixação de vagas re- duzida, na medida em que este é “um projecto teste”, esclarece Nuno Vazia de estudantes, a Alta Universitária costuma encher-se de turistas durante o Verão Prata. No entanto, verificaram–se “imensas inscrições” e, por isso, “foi necessário retirar algumas pes- soas e passá–las para outros turnos”. Em caso de continuidade, Nuno Prata perspectiva para o próximo ano um aumento no número de va- gas. A CMC desenvolveu também uma nova marca que procura identi- ficar–se com os jovens e com as pessoas que gostam de praticar des- porto – “Coimbra a Mexer”. Este projecto vê a luz do dia no Parque Verde do Mondego aos sábados, du- rante este mês e o de Setembro, com paragem em Agosto. Ao longo de todo o dia, aqueles que aqui se des- locarem podem “usufruir de múlti- plas actividades, como voleibol, basquetebol e badmington”, esclare- ce Nuno Prata. A estrutura montada neste espaço junto ao rio Mondego oferece ainda, durante a tarde, várias aulas propor- cionadas por ginásios da cidade. Apesar de o final desta campanha estar agendado para Setembro, exis- te a possibilidade de esta se prolon- gar ao longo do ano. “Isto se o tem- po ajudar”, refere Nuno Prata. O “Coimbra a Mexer” inscreve–se na “lógica do combate ao sedentarismo que é cada vez maior e na promoção da prática desportiva”. O pelouro do Desporto ainda lan- çar um programa de ocupação de tempos livres em colaboração com diversos clubes da cidade. Nuno Prata explica que estas duas entida- des vão desenvolver “diversas acti- vidades físicas com os jovens, du- rante as manhãs”. Tempo livre por uma causa A delegação regional do Instituto Português da Juventude (IPJ) pro- põe aos jovens com tempo livre que abracem a missão do voluntariado. Os jovens entre os 18 e os 30 anos têm ao seu dispor um programa de limpeza e vigia de áreas florestais. O “Projecto das Florestas” teve iní- cio no passado dia 15 de Junho e prolonga–se até ao dia 30 de Setem- bro. Joana Pinto, voluntária deste pro- jecto, explica que este foi, durante o ano passado, um projecto piloto ao qual apenas aderiram os distritos de Coimbra e Castelo Branco. Dada a experiência, a cidade serviu esta ano de modelo para os distritos do país envolvidos. As áreas que se encontram sob a vigilância dos jovens voluntários de Coimbra são Vale de Canas, o Choupal e Arzila. Aqui é da respon- sabilidade dos intervenientes fazer inventários das áreas florestais, si- nalizar e recuperar caminhos flores- tais, assim como vigiar as áreas pro- tegidas, limpar e manter os parques de merendas, entre outras tarefas. Para levar a bom termo esta missão, os jovens dispõem de objectos como bússolas, binóculos, bicicletas, jipes e camisolas. Sob o lema “Salva a floresta do fogo. Tu precisas dela, ela precisa de ti!”, o projecto lembra que ser voluntário é “ocupar o tempo na de- fesa de um património comum”. Para além deste projecto, Joana Pinto realça ainda os projectos resi- dentes do instituto nesta época do ano. Um é a Associação de Tempos de Livres (ATL), destinado a jovens até aos 25 anos, que disponibiliza de salas de pintura e de música, entre outras, para dar cor e som aos dias livres. Existe ainda uma outra acção “ex- traordinária” de voluntariado, tal re- fere Joana Pinto: o Campeonato Na- cional de Natação de Juvenis. Decorre entre os dias 22 a 24 e con- ta com 20 voluntários dos 16 aos 25 anos, que vão ter como principal função “animar e ajudar o público”. Das aulas ao trabalho A Coimbra dos estudantes não deixa de o ser nem mesmo nas férias. Muitos são os que ficam pela cidade “atrelados” a um emprego necessário para colmatar as dificuldades económicas provenientes dos seus estudos Depois do intenso período de exames, é tempo de férias. Enquanto uns partem para a praia, rumam aos festivais ou se perdem en- tre malas de viagem, outros entregam os cur- rículos vitae para aqueles que serão os seus patrões durante as férias. O regresso a casa é para muitos difícil ou até mesmo impossível e “os divididos entre as férias e a pressão das dificuldades financeiras” relembram que “nem sempre há a oportunidade de esco- lher”. Joana Mota, estudante da Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC), 20 anos explica que “este é um período complicado”. Apesar de trabalhar sempre nas férias, Joana costumava arranjar um trabalho na Nazaré, mas este ano a ausência de bolsa de estudo obrigou-a a iniciar o seu período de trabalho mais cedo. Joana não tem férias há cerca de quatro anos e afirma que “é muito cansati- vo”, mas compreende a importância que o part–time tem, “uma vez que este condiciona a continuidade dos estudos”, explica. Alguns estudantes confessam que o traba- lho nas férias é recompensador, mas a ausên- cia dos amigos, da diversão e da família tor- na as coisas mais complicadas. No entanto, Isa Dias, estudante de turismo na ESEC ex- plica que o motivo que a levou a trabalhar no período de férias foi “a vontade de ocupar o tempo, ganhando ao mesmo tempo algum di- nheiro necessário” para as suas próprias des- pesas. Em relação à opinião dos seus pais so- bre esta questão, a estudante de Castro D’Aire refere que eles acham que ela deve trabalhar, apesar de sentirem a sua falta. Segundo os estudantes, as férias já repre- sentavam uma oportunidade para ganhar al- gum dinheiro e, ao mesmo tempo, poderiam estar junto da família e dos amigos na medi- da do possível, mesmo antes da entrada no ensino superior. A universidade condicionou muitos estudantes financeiramente obrigan- do–os a conciliar um trabalho com as aulas. Carolina Vieira, estudante da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Uni- versidade de Coimbra, esclarece que já traba- lha desde os 15 anos, mas que agora é dife- rente. Desde que ingressou na universidade “as coisas complicaram–se”. Oriunda de Soure, a estudante explica que vai todos os dias a casa, uma vez que não possui casa em Coimbra. Carolina refere que tem “saudades da família” e compreende as queixas da mãe em relação ao facto de a estudante só ir a ca- sa dormir, mas sempre que pode tenta arran- jar um tempo para estar com ela. Carolina Vieira explica que “é bastante triste ter de prescindir das férias com a família”.