Capítulo 1 - 3 / 61
Ao longo das últimas décadas diversos casos bem sucedidos de empresas e
países em termos de desenvolvimento de produto, evidenciaram que o desempenho
deste processo depende também e muito do modelo e das práticas de gestão adotadas.
Ou seja, mesmo com tais especificidades (incerteza, baixa previsibilidade e criatividade)
é possível e necessário gerenciar o PDP, planejando, executando, controlando e
melhorando as atividades, em busca de melhores resultados de desempenho e de
aprendizagem, o que será apresentado ao longo deste livro.
1.2. O papel do PDP no Brasil
Em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, as atividades de
desenvolvimento de produto tradicionalmente se concentram em grande parte nas
adaptações e melhorias de produtos existentes. Em alguns segmentos de mercado
(como, por exemplo, automóveis, equipamentos eletrônicos, produtos farmacêuticos),
os novos produtos tendem a ser concebidos e projetados quase que exclusivamente nos
países
desenvolvidos
(onde
normalmente
estão
localizados
os
centros
de
desenvolvimento das corporações multinacionais e onde os mercados têm maior poder
aquisitivo) e são difundidos nos demais países via transferência internacional de
tecnologia. Assim, para produtos destes segmentos, as atividades de desenvolvimento
de produto no Brasil são voltadas principalmente para adequação do produto e do
projeto às condições do mercado local, à estrutura de fornecedores existentes e aos
processos de produção disponíveis.
A importância estratégica e a divisão internacional de atividades do PDP, entre
países desenvolvidos e em desenvolvimento, evidentemente, se manifesta de forma
diferenciada conforme o setor e também conforme o papel do país na produção mundial
do produto em questão.
No Brasil, em muitos setores industriais, a tendência em termos de
desenvolvimento de produto é no sentido de consolidar uma competência local para
adaptar projetos mundialmente atuais para o mercado local ou regional (por ex.
Mercosul), ou mesmo para participar de projetos de desenvolvimento mundiais, se
responsabilizando por atividades e ou etapas específicas desses projetos em função das
capacitações existentes no país. Neste segundo caso, a unidade local da corporação
multinacional pode se responsabilizar por etapas do desenvolvimento e eventualmente
ser a responsável pelo fornecimento global do produto, em função da capacidade de