Esta é uma questão que preocupa o Professor Tito Fernandes.
Um dos problemas da Educação
em Moçambique é a falta de empresas no país para os estudantes
africanos poderem aprender no
terreno. “Falta uma relação entre as empresas e as
universidades”, aponta. O Professor disse ainda que
os financiamentos de cooperações internacionais
não funcionam em Moçambique devido a problemas de governação.
O Professor Tito Fernandes considera que os países
africanos deviam apostar no envio de alunos para
fora, na esperança de que estes “cérebros” voltem
para desenvolver os seus países. Alerta, no entanto,
para os perigos do “copy-paste” dos modelos de
educação de outros países, sendo necessário desenvolver “um saber nacional, adaptado às realidades locais”.
O Professor Tito Fernandes salientou que a Universidade Lúrio tem como objetivo principal formar cidadãos. Uma das disciplinas que integra todos os
cursos da Universidade permite ao aluno estabelecer uma relação direta com a comunidade africana
ao acompanhar uma família. “Os biólogos têm uma
lição com os pescadores. O aluno vai buscar os problemas deles e aprender com eles para mais tarde
poder ajudá-los. É um fluxo de informação. Comunidade - Estudantes; Estudantes - Comunidade”, explica o Professor. Este programa existe desde o início
da Universidade, em 2007.
Não se pode generalizar as condições de educação
em África. O país que forma mais doutores é a China
(60 mil/ano), sendo que a Índia forma 40 mil/ano.
O Professor é da opinião que não se faz investigação em Moçambique, pois não existe no país laboratórios e doutores para tal. Investigação é trabalhos
originais, publicados. O que se faz em Moçambique
é pesquisa (replicar trabalhos feitos com sucesso
noutros países). Na sua opinião, não cabe às instituições de Ensino Superior inovar, mas sim as empresas
que têm esse interesse, sendo o papel das universidades acompanhar as empresas.
“É melhor ser imaginativo do que culto”, disse Tito
Fernandes, citando Einstein. O Professor acredita que
“daqui a 30 anos, Moçambique terá mestres, doutorados e um Ensino Superior de qualidade”.
Quis deixar ainda a mensagem: “nós não formamos investigadores, mas sim pensadores ou pessoas
que sabem investigar.”
Dados da UNESCO indicam que a taxa de frequência do Ensino Superior em Cabo Verde é próximo do
da Europa.
O Ensino Superior e a Formação Profissional em
África
A mesa contou com o actual ministro cabo-verdiano do Ensino Superior, Ciência e Inovação: António
Correia e Silva, o catedrático e director científico da
Universidade Lúrio, de Nampula (Moçambique), Tito
Fernandes e com o diretor do Centro de Estudos em
Desenvolvimento Humano da Faculdade de Educação e Psicologia (UCP - Porto) e especialista em Ensino Técnico-Profissional, Joaquim Azevedo.
Este seminário teve os seguintes temas em debate:
- Políticas Públicas e os Recursos para a Qualificação dos Cidadãos nos países africanos e, particularmente, em Cabo Verde.
- Globalização do Conhecimento e a Comparticipação Africana na Investigação e Inovação.
- Formação Técnico-Profissional como Opção Estratégica de Desenvolvimento.
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Artigos AULP
“As empresas petrolíferas em África gastam mais
de 1 milhão de euros por dia e empregam um moçambicano”