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Efeito da concentração de compostos nitrogenados sobre os parâmetros ruminais de caprinos
Na figura 1 observa-se que o pico na concentração de amônia ruminal ocorreu as 12 horas do dia, que corresponde a 4 horas após a alimentação matinal dos animais. Quando os animais foram alimentados apenas com capim-buffel sem adição de fontes de NNP( 5,5 % de PB), a concentração de amônia permaneceu sempre abaixo de 10 mg / dL. Provavavelmente, as concentrações de amônia ruminal não foram suficientes para os microrganismos fermentadores de fibra maximizar a digestão.
Segundo Lazzarini et al.( 2009), um ruminante deve receber no mínimo de 7 % de PB na dieta basal, este nível é necessário para que os microrganismos ruminais possam utilizar os substratos energéticos fibrosos potencialmente degradáveis em forragens tropicais de baixa qualidade.
Por outro lado, quando os caprinos foram alimentados com 13,27 % de PB, este manteve concentrações de NH 3 no rúmen superiores a 40 mg / dL às 4, 8 e 12 horas, que provavelmente inibiu o crescimento dos microorganismos ruminais e com isso pode ocorrer diminuição da digestão dos carboidratos fibrosos. Mehrez et al.( 1977) recomendam a concentração de 23 mg / dL para atingir o potencial máximo para síntese de proteína microbiana, entretanto, níveis superiores a 28 mg / dL no meio já acarretam em inibição do crescimento microbiano.
Na Tabela 3 são apresentados os valores médios da concentração dos ácidos gástricos voláteis( AGVs) ruminais de caprinos avaliados no presente estudo.
Tabela 3. Valores médios da concentração dos ácidos graxos voláteis ruminais de caprinos alimentandos com níveis de proteína bruta em dietas à base de capim-buffel diferido.
Parâmetros
Ácido Acético
Ácido Propiônico
Ácido Butírico
% PB na dieta 1 R 2(%) Equações 5,50 7,44 9,39 11,33 13,27
CV
(%) 2
21,92 22,89 26,40 20,04 16,38 83,65 Ŷ =-0,9545 + 6,0912x-0,3626x 2 20,45
3,76 4,16 4,40 4,02 2,67 75,76 Ŷ =-0,9856 + 1,2345x-0,0710x ² 23,40
2,94 2,61 2,99 3,26 3,84 70,41 Ŷ = 3,1316 38,55 AGV Total 28,63 29,67 33,79 27,32 22,91 86,82 Ŷ = 2,6701 + 6,8320x-0,4006x ² 20,57
1
Porcentagem de proteína bruta da dieta; ² CV = coeficiente de variação.
Foi observado efeito quadrático( P < 0,05) para as concentrações ruminais de ácido acético e propriônico. As maiores concentrações de ácido acético( 26,40 mM), propiônico( 4,40 mM), ocorreram com 10,01 mg / dL de nitrogênio amoniacal no meio( 9,39 % PB na dieta). Quando as concentrações de % PB na dieta e consequentemente nitrogênio amoniacal no meio ultrapassaram ou antecederam os níveis citados, ocorreu decréscimo na fermentação, ocasionando uma redução nas concentrações dos parâmetros citados. Imaizumi et al.( 2002) infere que 5 mg / dL de nitrogênio amoniacal ruminal são insuficientes para alcançar a máxima atividade microbiana no rúmen, associando-se ao presente estudo onde valores com 5,85 mg / dL de NH 3 não proporcionaram a maximização na produção de AGVs, comparado quando se tinha 7,44 e 9,39 % de PB. Em relação ao ácido butírico não foi observado efeitos significativos( P < 0,05) nos níveis de concentração do mesmo, com concentração média de 3,1316 mM no líquido ruminal. A produção total de AGVs apresentou um efeito quadrático( P < 0,05) com ponto máximo no níveis de 8,53 % de PB, com produção total dos AGVs de 33,79 mM. O ácido mais sintetizado no ambiente ruminal em todos os níveis foi o acético, tendo altas quantidades molares quando comparado com
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