Série Iniciados Vol. 23 | Page 76

Valorização do subproduto “cartilagem do osso da quilha” através da otimização da extração de colágeno A separação dos peptídeos ocorreu durante 60 minutos e para tanto utilizou-se um gradiente linear (100 a 0%). Os peptídeos dessorvidos durante os primeiros 30 minutos possuíam qualidade hidrofílica enquanto que os eluídos dos 30 ao 60 minutos possuíam natureza hidrofóbica. À vista disso, os peptídeos da cartilagem do osso da quilha de frango exibiram majoritariamente caráter hidrofóbico. Esses resultados estão em concordância com os encontrados para o perfil de aminoácidos da cartilagem em estudo, que revelou predominância de aminoácidos hidrofóbicos, característico de materiais cartillaginosos (SIMÕES et al., 2014). Os peptídeos são biomoléculas formadas pela ligação de dois ou mais aminoácidos, e, portanto, as características dos peptídeos encontrados confirmam a característica dos aminoácidos que os compõe. Os padrões de SDS-PAGE da cartilagem da quilha do frango estão indicados na Fig. 4 (B). A cartilagem da quilha do frango revelou a existência de duas cadeias α distintas (α1 e α2), a uma razão de aproximadamente, 2:1 respectivamente. Esse resultado sugere que o colágeno é formado pela mistura de colágeno tipos I e II, mas a existência de uma cadeia prevalentemente α1 revela que o colágeno é principalmente do tipo II possuindo uma quantidade menor do tipo I, podendo este ser separado a partir do colágeno tipo II através de uma nova precipitação do sal (LOSSO; OGAWA, 2014). As fibrilas de colágeno tipo II correspondem a 80% do conteúdo de colágeno total e estão de forma predominante e característica em cartilagem hialina (MENDELER et al., 1989; GELSEA et al., 2003). Figura 4. Comportamento da hidrofobicidade de peptídeos (A), padrões de SDS-PAGE (B) da cartilagem do osso da quilha de frango. Pré-tratamento com ácido orgânico para extração de colágeno da cartilagem do osso da quilha de frango Os dados de rendimento em colágeno extraído da cartilagem do osso da quilha do frango a partir do pré-tratamento com 0,5 mol/L de diferentes ácidos e em diferentes tempos de extração estão indicados na Fig. 5. Observou-se que entre os ácidos utilizados, o tratamento com ácido acético foi significativamente superior, apresentando maiores valores de conteúdo de colágeno. O ácido acético tem sido o mais utilizado em função de sua maior capacidade de extração, sendo capaz de provocar o intumescimento do tecido e dissolução das fibras colagenosas (BALIAN; BONES, 1977; GÓMEZ-GUILLÉN et al., 2011). Pesquisas tem reportado a utilização do ácido acético na obtenção de colágeno solúvel em ácido de subprodutos de pescado, a exemplo da pele e ossos de cavala (LI et al., 2013), pele de carpa-carpim (LIU et al., 2015), pele e bexiga natatória de Robalo (SINTHUSAMRAN; BENJAKUL; KISHIMURA, 2013). Verificou-se que o melhor pré- tratamento foi obtido com 0,5 mol/L de ácido acético durante o tempo de 24 horas, uma vez que não foi observada diferença significativa Série Iniciados v. 23 77