Avaliação dos efeitos da proteína antifúngica de Moringa oleifera, Mo-CBP3, sobre embriões de peixe-zebra (Danio rerio)
2015).
Neste contexto, temos a proteína Mo-
CBP 3 . Esta é uma proteína ligante à quitina
isolada de sementes da espécie M. oleifera,
que possui um amplo espectro de ação contra
fungos fitopatogênicos. O modo de ação de
Mo-CBP 3 sugere interação eletrostática da
proteína com a quitina da parede celular do
fungo, sendo essa propriedade essencial para
a ação antifúngica da proteína (PINTO et al.,
2015). Dessa forma, Mo-CBP 3 apresenta-se
como uma proteína candidata a ser inserida
no contexto da biotecnologia agrícola para
o desenvolvimento de plantas transgênicas
resistentes ao ataque de fungos. Entretanto,
para que qualquer proteína exógena seja
introduzida em culturas transgênicas a
mesma deve ser submetida a testes de
biossegurança alimentar para garantir a
segurança de sua expressão. Nesse âmbito,
Mo-CBP 3 foi analisada seguindo a abordagem
em duas etapas (identificação do perigo
e caracterização do perigo) proposta pelo
ILSI (DELANEY et al., 2008). Mo-CBP 3
apresentou elevada similaridade estrutural
com proteínas alergênicas e resistência à
digestão por pepsina, o que levou os autores
a caracterizarem essa proteína como um
potencial alérgeno (PINTO et al., 2015).
Uma outra vertente das análises de
risco de proteínas com fins de aplicação
biotecnológica diz respeito à investigação
dos efeitos dessas moléculas sobre os
ecossistemas (TABASHNIK et al., 2012).
Atualmente, a avaliação de risco ambiental
de culturas transgênicas é feita a partir de
uma análise dos efeitos tóxicos agudos da(s)
proteína(s) expressa(s) na nova cultivar
sobre os organismos não-alvo em condições
de laboratório. Por razões práticas, apenas
uma pequena fração dos organismos
terrestres não-alvo é analisada. Essa
abordagem de avaliação de risco ambiental
tem sido severamente criticada como sendo
ecologicamente irrealista (LÖVEI; ARPAIA,
2005). Dentre os pontos descobertos por
essa abordagem, destaca-se a ausência de
testes para analisar os efeitos das proteínas
transgênicas sobre organismos não-alvo
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Série Iniciados v. 23
de ecossistemas aquáticos, uma vez que
vários estudos têm relatado a entrada dessas
proteínas em ambientes aquáticos.
A análise dos efeitos de compostos
bioativos sobre vertebrados aquáticos tem
sido realizada utilizando principalmente o
peixe-zebra (D. rerio), dando preferência
ao uso dos embriões ao invés dos adultos.
Recentemente, a OECD publicou um novo
teste toxicológico utilizando embriões de
peixe-zebra, o teste FET nº 236 (2013), que
se aplica a ampla gama de substâncias. A
funcionalidade dessa metodologia para
avaliação de risco de proteínas bioativas foi
indiretamente demonstrada por Grisolia et
al. (2009) que mostraram que embriões de
peixe-zebra foram sensíveis à presença de
altas concentrações de diferentes proteínas
inseticidas Cry de Bacillus thuringiensis.
Assim, a adoção dessa abordagem poderia
contribuir para avaliação de risco ambiental
da proteína Mo-CBP 3 .
Metodologia e análise
Reagentes
Acrilamida, Coomassie Brilliant Blue
R-250, Dodecil Sulfato de Sódio (SDS), TEMED
(N´, N’, N’, N’- tetrametiletilenodiamina),
trizma-base,
metilenobisacrilamida
e 2-mercaptoetanol foram comprados da
Sigma-Aldrich Co. (St. Louis, EUA). Marcador
de massa molecular foi adquirido da GE
Healthcare (Invitrogen, Carlsbad, CA, EUA).
Os demais reagentes utilizados foram todos
de grau analítico.
Obtenção e caracterização das proteínas
Foram fornecidos 25 mg de Mo-
CBP 3 (14,3 kDa) pela Profa. Dra. Ilka Maria
Vasconcelos, coordenadora do Laboratório de
Proteínas Tóxicas (LabTox) da Universidade
Federal do Ceará (Fortaleza-CE). A fim de
confirmar a identidade das proteínas doadas,
foi realizada no Laboratório de Avaliação
de Risco de Novas Tecnologias (LabRisco)
da Universidade Federal da Paraíba (João
Pessoa, PB) uma eletroforese em condições
desnaturantes (SDS-PAGE) de acordo