Série Iniciados Vol. 23 | Page 48

Avaliação dos efeitos da proteína antifúngica de Moringa oleifera, Mo-CBP3, sobre embriões de peixe-zebra (Danio rerio) 2015). Neste contexto, temos a proteína Mo- CBP 3 . Esta é uma proteína ligante à quitina isolada de sementes da espécie M. oleifera, que possui um amplo espectro de ação contra fungos fitopatogênicos. O modo de ação de Mo-CBP 3 sugere interação eletrostática da proteína com a quitina da parede celular do fungo, sendo essa propriedade essencial para a ação antifúngica da proteína (PINTO et al., 2015). Dessa forma, Mo-CBP 3 apresenta-se como uma proteína candidata a ser inserida no contexto da biotecnologia agrícola para o desenvolvimento de plantas transgênicas resistentes ao ataque de fungos. Entretanto, para que qualquer proteína exógena seja introduzida em culturas transgênicas a mesma deve ser submetida a testes de biossegurança alimentar para garantir a segurança de sua expressão. Nesse âmbito, Mo-CBP 3 foi analisada seguindo a abordagem em duas etapas (identificação do perigo e caracterização do perigo) proposta pelo ILSI (DELANEY et al., 2008). Mo-CBP 3 apresentou elevada similaridade estrutural com proteínas alergênicas e resistência à digestão por pepsina, o que levou os autores a caracterizarem essa proteína como um potencial alérgeno (PINTO et al., 2015). Uma outra vertente das análises de risco de proteínas com fins de aplicação biotecnológica diz respeito à investigação dos efeitos dessas moléculas sobre os ecossistemas (TABASHNIK et al., 2012). Atualmente, a avaliação de risco ambiental de culturas transgênicas é feita a partir de uma análise dos efeitos tóxicos agudos da(s) proteína(s) expressa(s) na nova cultivar sobre os organismos não-alvo em condições de laboratório. Por razões práticas, apenas uma pequena fração dos organismos terrestres não-alvo é analisada. Essa abordagem de avaliação de risco ambiental tem sido severamente criticada como sendo ecologicamente irrealista (LÖVEI; ARPAIA, 2005). Dentre os pontos descobertos por essa abordagem, destaca-se a ausência de testes para analisar os efeitos das proteínas transgênicas sobre organismos não-alvo 48 Série Iniciados v. 23 de ecossistemas aquáticos, uma vez que vários estudos têm relatado a entrada dessas proteínas em ambientes aquáticos. A análise dos efeitos de compostos bioativos sobre vertebrados aquáticos tem sido realizada utilizando principalmente o peixe-zebra (D. rerio), dando preferência ao uso dos embriões ao invés dos adultos. Recentemente, a OECD publicou um novo teste toxicológico utilizando embriões de peixe-zebra, o teste FET nº 236 (2013), que se aplica a ampla gama de substâncias. A funcionalidade dessa metodologia para avaliação de risco de proteínas bioativas foi indiretamente demonstrada por Grisolia et al. (2009) que mostraram que embriões de peixe-zebra foram sensíveis à presença de altas concentrações de diferentes proteínas inseticidas Cry de Bacillus thuringiensis. Assim, a adoção dessa abordagem poderia contribuir para avaliação de risco ambiental da proteína Mo-CBP 3 . Metodologia e análise Reagentes Acrilamida, Coomassie Brilliant Blue R-250, Dodecil Sulfato de Sódio (SDS), TEMED (N´,  N’,  N’,  N’- tetrametiletilenodiamina), trizma-base, metilenobisacrilamida e  2-mercaptoetanol foram comprados da Sigma-Aldrich Co. (St. Louis, EUA). Marcador de massa molecular foi adquirido da GE Healthcare (Invitrogen, Carlsbad, CA, EUA). Os demais reagentes utilizados foram todos de grau analítico. Obtenção e caracterização das proteínas Foram fornecidos 25 mg de Mo- CBP 3 (14,3 kDa) pela Profa. Dra. Ilka Maria Vasconcelos, coordenadora do Laboratório de Proteínas Tóxicas (LabTox) da Universidade Federal do Ceará (Fortaleza-CE). A fim de confirmar a identidade das proteínas doadas, foi realizada no Laboratório de Avaliação de Risco de Novas Tecnologias (LabRisco) da Universidade Federal da Paraíba (João Pessoa, PB) uma eletroforese em condições desnaturantes (SDS-PAGE) de acordo