Avaliação do índice de conforto térmico em pontos representativos da malha urbana da cidade de Bayeux( PB)
naturais pela natureza transformada. O processo de industrialização associado diretamente ao processo de urbanização deixou marcas, muitas vezes, irreparáveis no espaço geográfico.
Dentre os diversos sistemas ambientais afetados destaca-se o sistema climático urbano. Além disso, a localização topográfica da cidade, seu tamanho, densidade populacional, clima regional onde a mesma se insere, e as próprias características do tempo meteorológico também são fatores que interferem diretamente o clima do ambiente urbano. Nesse contexto; O estudo do clima urbano se baseia numa linha de pesquisa da climatologia responsável pela compreensão do clima da cidade, enfocando inicialmente uma análise espacial local( clima local) que se estende a níveis regionais( clima regional) e globais( clima zonal / global), destacando-se, em cada escala, a influência urbana associadas as diversas formas do uso e cobertura do solo( COLTRI, 2006). Nesse sentido, o clima urbano pode ser definido como“ um sistema que abrange o clima de um dado espaço terrestre e sua urbanização”( MONTEIRO, 1976), sendo um sistema complexo, dinâmico, adaptativo e aberto que, recebendo energia do ambiente maior no qual se insere, a transforma substancialmente( MONTEIRO, 1976; MONTEIRO; MENDONÇA, 2003).
Considerando-se que na organização geográfica do clima têm-se diferentes“ ordens de grandeza” ou“ graus de organização”, como climas zonais, regionais e locais( MONTEIRO, 1976), Landsberg( 2006) considera como clima urbano a perspectiva de escala do clima local, haja vista que é nessa escala que a ação antrópica age como fator de organização( integrando as características geoecológicas) e onde se processam as maiores alterações na atmosfera.
A literatura sobre trabalhos que versem sobre o clima urbano é bastante vasta, principalmente a internacional, sendo pioneiros os trabalhos de John Evelyn, em 1661, que analisou o impacto da contaminação da atmosfera de Londres por conta da combustão do carvão das indústrias, e Luke Howard, em 1833, sobre a mesma cidade, cujos registros meteorológicos apontavam diferenças entre a cidade e o campo 1. Todavia, os trabalhos de Landsberg( 1956) e Chandler( 1965), realizados já no século XX, foram os primeiros a pautarem o fenômeno urbanização como indutor do clima urbano( COX, 2008).
É importante destacar que naquele momento ainda não havia tecnologia para avaliar o clima espacialmente e de forma simultânea, com medições em diferentes lugares ao mesmo tempo. Dessa forma, o trabalho pioneiro de Howard se deteve a análise do clima da cidade de Londres sob uma perspectiva temporal com o uso de séries climatológicas. Com sua pesquisa, Howard( 1833) lançou a primeira noção de ilha de calor, através da análise de diferenças de temperaturas entre o centro da metrópole e as áreas circundantes. Seu trabalho foi o marco inicial para os estudos do clima urbano.
Em meados do século XX, Wilhelm Schmidt e Emilien Renou realizaram semelhantes estudos em Paris e Viena, respectivamente( GARTLAND, 2010). Em 1956 Landsberg também deu uma importante contribuição para os estudos do clima urbano com seu trabalho intitulado The climate of towns( LANDSBERG, 1956). Este trabalho apresenta uma síntese da influência urbana sobre os estados atmosféricos em comparação às áreas adjacentes.
Na década de 1970 é relevante destacar a importante contribuição do professor Timothy Oke do Departamento de Geografia da University of British Columbia em Vancouver no Canadá. Ele compreende o clima urbano como produto de transformações de energia proveniente das interações entre o ar atmosférico e o ambiente urbano construído. Oke é uma figura demasiadamente importante para o cenário da temática do clima urbano devido às suas contribuições
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