Escala URICA-V: nova perspectiva com base na teoria de resposta ao item
que quer se comprometer com a terapia de
voz.
No estágio de ação, o indivíduo de
fato inicia a mudança no comportamento
alvo (Teixeira et al., 2013). Observou-se que
as afirmações contidas no item 3: “O meu
problema de voz me incomoda e eu estou tentando
resolvê-lo”; e 7: “Finalmente estou tratando o
meu problema de voz”; referentes ao estágio
de ação, fatoraram no fator contemplação.
Faz sentido o item 3 estar relacionado à
contemplação, pois o paciente nesse estágio
está em fase de procura pelo tratamento na
tentativa de resolver o problema vocal e quer
se comprometer. A palavra “tentando” denota
que o indivíduo ainda não está em processo
de resolubilidade. No que se refere ao item
7, não faz sentido a afirmativa fatorar no
domínio de contemplação, tendo em vista
que nessa alternativa o paciente já está em
tratamento, portanto essa afirmativa deveria
permanecer no estágio de ação.
Além dessas, observou-se que o
item 20 se correlacionou no fator referente
à manutenção: “Eu comecei a tratar a minha
voz, mas preciso de mais ajuda”. Faz sentido,
pois o paciente no período de manutenção
pode sentir necessidade de evitar a recaída
e obter mais auxílio, visto que já iniciou/
realizou o tratamento. Sugere-se deslocar o
item de domínio ou modificá-lo para: “Estou
tratando minha voz, mas preciso continuar me
monitorando”, com objetivo de melhorar a
interpretação do indivíduo para a afirmativa
permanecer no estágio de ação.
O item 10: “Às vezes é difícil tratar
a minha voz, mas estou me dedicando para
isto” se correlacionou no fator ação e
manutenção, sendo a maior carga fatorial
verificada no fator manutenção. Porém, de
acordo com a afirmativa, o indivíduo ainda
está em tratamento do seu problema de voz,
o que torna mais conveniente que o item
permaneça em ação, seu domínio de origem.
O mesmo foi observado no item 27:
“Estou me esforçando muito para não ter uma
recaída no meu problema de voz” referente à
manutenção, que apresentou maior carga
fatorial no domínio de ação. A afirmativa
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Série Iniciados v. 23
evidencia que o indivíduo já foi submetido
ao tratamento do seu problema de voz e quer
evitar recaídas. Assim, o item foi considerado
no fator manutenção.
Todos os itens referentes ao estágio
de manutenção fatoraram no fator refere nte
à manutenção. O resultado é pertinente, uma
vez que os itens presentes desse estágio se
relacionam ao indivíduo que modificou e
estabilizou o seu comportamento alvo.
Verificou-se nesse estudo que três
itens do domínio de pré-contemplação e
dois itens de ação fatoraram com o fator
contemplação, totalizando doze itens
correlacionados a esse estágio. Observou-se
em alguns estudos (Fahning et al., 2015; Costa
et al., 2017) que a maioria dos indivíduos
não modifica o estágio de prontidão ao
passar do pré para o pós-terapia de voz, pois
permanecem no estágio de contemplação.
Contudo, espera-se que o paciente apresente
maiores respostas no momento pós-terapia
ou ao menos após seis sessões terapêuticas,
pois a interpretação da escala URICA-V é que
quanto maior o escore, maior o estágio de
prontidão para mudança.
Fahning e colaboradores (2015)
objetivaram em seu estudo investigar
o estágio de adesão ao tratamento
fonoaudiológico pré e pós-terapia na
modalidade de terapia individual e de grupo
em pacientes disfônicos, através da escala
URICA–V. Foi observado em seus resultados
que não houve ganho na adesão dos pacientes
após seis sessões terapêuticas, os indivíduos
estiveram no estágio de contemplação em
ambos os momentos pré e pós-terapia e
nas duas modalidades terapêuticas. Por
isso, foi sugerido na conclusão analisar se a
URICA-V é realmente sensível para verificar
essa mudança no estágio de prontidão
ao tratamento, principalmente no pós-
intervenção fonoaudiológica.
O estudo feito por Costa et al. (2017)
verificou a efetividade da terapia vocal
no estágio de prontidão de pacientes com
disfonia comportamental, por meio da
escala URICA-V, nos momentos pré e pós-
terapia de grupo. Não houve diferença