Série Iniciados Vol. 23 | Page 161

Escala URICA-V: nova perspectiva com base na teoria de resposta ao item (BANDEIRA, 2016). De acordo com alguns estudos (CHIAVEGATTO, 2014; CUTLER; LLERAS-MUNEY, 2010), indivíduos com maior escolaridade frequentam mais os serviços de saúde, e pessoas com mais anos de educação apresentam maior prudência para investir na sua própria saúde. Em relação à atividade ocupacional, houve predominância de pacientes que não utilizavam a voz profissionalmente, mesmo sabendo que indivíduos com profissões de grande demanda vocal correm maior risco de desenvolver problema de voz (SCHEIDER, SATALOFF, 2007). Verifica- se que a procura pela reabilitação vocal pode estar relacionada tão somente com o efeito negativo da jornada de trabalho, como também com a intensidade que a voz afeta em sua qualidade de vida e atividades cotidianas (COHEN et al, 2012). Houve predominância de indivíduos naturais da região Nordeste. Explica-se pelo fato da pesquisa ter sido realizada no município de João Pessoa – PB. Foi possível observar um maior percentual de solteiros na amostra. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE 2013), a população de solteiros na região Nordeste é superior, totalizando 56,7% da população. Também tem sido uma tendência da atual sociedade, algumas pessoas não optarem pelo casamento, ou deixa-lo para uma fase mais tardia da vida (PINTO, 2010). De acordo com a análise fatorial no protocolo URICA-Voz, apenas três itens do estágio de pré-contemplação se correlacionaram ao domínio. Nesse estágio, o indivíduo ainda não tem consciência de que há um problema a ser enfrentado, o que dificulta a procura de ajuda (Teixeira et al., 2013). Os itens 1, 8 e 23 não se enquadraram em nenhum estágio de prontidão. São estes: item 1: “Acredito que não tenho que mudar a minha voz”; item 8: “Eu acho que quero mudar a minha voz”, e item 23: “Talvez eu seja responsável por parte do meu problema de voz, mas não sou o único responsável”. Ressalta-se que os itens podem ser interpretados de maneiras distintas, portanto, pode ser um fator de confusão no momento da autoavaliação. Assim, pode- se justificar o fato de os itens não terem se adequado a nenhum fator/estágio, já que pode ter sido interpretado de diversas formas, a depender do estágio de prontidão em que o indivíduo se encontra e da interpretação individual a partir de experiências prévias. O fato de o indivíduo discordar dessas afirmações faz o valor das respostas diminuir e, consequentemente, o estágio de prontidão ao tratamento aparentemente reduzir ou não modificar. Sugere-se então que esses itens possam ser utilizados apenas para o momento de avaliação pré-terapia de voz e que não devam ser pontuados no momento de análise do estágio de prontidão. Quanto aos itens 5, 11 e 13, foi observado que eles se correlacionaram negativamente com o fator contemplação. Nesse estágio, o indivíduo possui certo conhecimento acerca do seu problema e considera a possibilidade de mudança (DiClement et al., 2004; Teixeira et al., 2013). São estes, o item 5: “Eu não tenho um problema na voz. Não faz sentido para mim mudá-la”; item 11: “O tratamento de voz é um desperdício de tempo para mim, pois minha voz não me incomoda” e item 13: “Eu sei que tenho um problema de voz, mas não preciso fazer nada para melhorar”. Este resultado parece fazer sentido já que o indivíduo que concorda com essas afirmações não está preocupado em tratar o problema de voz, ou seja, não estão em contemplação. Quanto mais o indivíduo concordar com a afirmativa menos ele estará em contemplação. A inversão da escala de Likert diminuirá o escore, fato que pode favorecer que o indivíduo permaneça em pré-contemplação. Foi constatado que todos os itens referentes ao estágio de contemplação se correlacionaram no fator referente ao domínio, exceto o item oito que não se correlacionou em nenhum estágio de prontidão. Faz sentido os itens de contemplação fatorarem ao respectivo domínio, pois todas as afirmativas presentes nesse estágio se relacionam com o indivíduo Série Iniciados v. 23 161