Escala URICA-V: nova perspectiva com base na teoria de resposta ao item
(BANDEIRA, 2016). De acordo com alguns
estudos (CHIAVEGATTO, 2014; CUTLER;
LLERAS-MUNEY, 2010), indivíduos com
maior escolaridade frequentam mais os
serviços de saúde, e pessoas com mais anos
de educação apresentam maior prudência
para investir na sua própria saúde.
Em relação à atividade ocupacional,
houve predominância de pacientes que não
utilizavam a voz profissionalmente, mesmo
sabendo que indivíduos com profissões de
grande demanda vocal correm maior risco
de desenvolver problema de voz (SCHEIDER,
SATALOFF, 2007). Verifica- se que a procura
pela reabilitação vocal pode estar relacionada
tão somente com o efeito negativo da jornada
de trabalho, como também com a intensidade
que a voz afeta em sua qualidade de vida e
atividades cotidianas (COHEN et al, 2012).
Houve predominância de indivíduos
naturais da região Nordeste. Explica-se
pelo fato da pesquisa ter sido realizada no
município de João Pessoa – PB.
Foi possível observar um maior
percentual de solteiros na amostra. De
acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (IBGE 2013), a população de
solteiros na região Nordeste é superior,
totalizando 56,7% da população. Também
tem sido uma tendência da atual sociedade,
algumas pessoas não optarem pelo
casamento, ou deixa-lo para uma fase mais
tardia da vida (PINTO, 2010).
De acordo com a análise fatorial
no protocolo URICA-Voz, apenas três
itens do estágio de pré-contemplação se
correlacionaram ao domínio. Nesse estágio,
o indivíduo ainda não tem consciência de
que há um problema a ser enfrentado, o que
dificulta a procura de ajuda (Teixeira et al.,
2013).
Os itens 1, 8 e 23 não se enquadraram
em nenhum estágio de prontidão. São estes:
item 1: “Acredito que não tenho que mudar
a minha voz”; item 8: “Eu acho que quero
mudar a minha voz”, e item 23: “Talvez eu seja
responsável por parte do meu problema de voz,
mas não sou o único responsável”.
Ressalta-se que os itens podem
ser interpretados de maneiras distintas,
portanto, pode ser um fator de confusão no
momento da autoavaliação. Assim, pode-
se justificar o fato de os itens não terem se
adequado a nenhum fator/estágio, já que
pode ter sido interpretado de diversas formas,
a depender do estágio de prontidão em que
o indivíduo se encontra e da interpretação
individual a partir de experiências prévias.
O fato de o indivíduo discordar dessas
afirmações faz o valor das respostas diminuir
e, consequentemente, o estágio de prontidão
ao tratamento aparentemente reduzir ou
não modificar. Sugere-se então que esses
itens possam ser utilizados apenas para o
momento de avaliação pré-terapia de voz e
que não devam ser pontuados no momento
de análise do estágio de prontidão.
Quanto aos itens 5, 11 e 13, foi observado
que eles se correlacionaram negativamente
com o fator contemplação. Nesse estágio, o
indivíduo possui certo conhecimento acerca
do seu problema e considera a possibilidade
de mudança (DiClement et al., 2004; Teixeira
et al., 2013). São estes, o item 5: “Eu não tenho
um problema na voz. Não faz sentido para mim
mudá-la”; item 11: “O tratamento de voz é um
desperdício de tempo para mim, pois minha voz
não me incomoda” e item 13: “Eu sei que tenho
um problema de voz, mas não preciso fazer
nada para melhorar”. Este resultado parece
fazer sentido já que o indivíduo que concorda
com essas afirmações não está preocupado
em tratar o problema de voz, ou seja, não
estão em contemplação. Quanto mais o
indivíduo concordar com a afirmativa menos
ele estará em contemplação. A inversão da
escala de Likert diminuirá o escore, fato que
pode favorecer que o indivíduo permaneça
em pré-contemplação.
Foi constatado que todos os itens
referentes ao estágio de contemplação
se correlacionaram no fator referente
ao domínio, exceto o item oito que não
se correlacionou em nenhum estágio
de prontidão. Faz sentido os itens de
contemplação fatorarem ao respectivo
domínio, pois todas as afirmativas presentes
nesse estágio se relacionam com o indivíduo
Série Iniciados v. 23
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