Escala URICA-V: nova perspectiva com base na teoria de resposta ao item
estatística quando compararam as médias
do escore total da URICA-V e os indivíduos
se apresentaram no estágio de contemplação
tanto no pré quanto no pós-terapia de
grupo. Na comparação de cada item da escala
URICA-V, os itens: 3, 16, 17, 19, 21, 24, e 28,
apresentaram resposta igual ou inferior no
momento pós-intervenção entre os pacientes
avaliados, ou seja, não identificaram melhora
em relação à adesão.
O fato do domínio contemplação
apresentar mais afirmações relacionadas/
fatoradas do que os demais pode justificar a não
modificação do estágio de prontidão quando
comparados os momentos terapêuticos, em
que observa-se a permanência dos pacientes
nesse domínio tanto no pré quanto no pós-
terapia.
A adaptação cultural não foi
considerada no momento de validação da
URICA-V, porém o Brasil é um país com
características culturais e sociodemográficas
diferenciadas em sua população. Assim,
podendo justificar o fato da diversa
interpretação dos itens da escala. Tal prática
permite a comparação de resultados entre
populações de diferentes localidades, além
de ser uma forma efetiva de conseguir
medidas confiáveis e válidas. Com a
realização da adaptação cultural, as situações
retratadas nos itens da versão original de
um instrumento devem corresponder às
vivenciadas pela população-alvo, ou seja, na
cultura brasileira.
A análise fatorial confirmatória
permitiu compreender as correlações
entre os fatores, as cargas fatoriais, bem
como indicações do significado destas
correlações. Após análise quanti-qualitativa
dos itens de acordo com a análise fatorial,
foi verificado que as afirmativas 26, 29 e
31 fatoraram significativamente ao fator
de pré-contemplação. Os itens 5, 11 e 13 se
correlacionaram negativamente ao domínio
contemplação e os itens 2, 3, 4, 7, 12, 15,
19, 21, 24 fatoraram de forma significante
em contemplação. Os itens 10, 14, 17, 25 e
30 enquadraram-se no domínio ação e os
itens 6, 9, 16, 18, 20, 22, 27, 28, 32 fatoraram
significativamente em manutenção.
Sugere-se a partir de então que sejam
realizadas as alterações descritas nos cálculos
do instrumento, embasadas na análise
fatorial confirmatória, e na sequência possa
realizar a aplicação de uma teoria mais atual,
como é o caso da Teoria de Resposta ao Item. A
TRI foi sugerida anteriormente na literatura
da área para aplicação nos protocolos de
autoavaliação em voz, para diagnosticar
com maior precisão os pacientes disfônicos
(Branski et al, 2010; Behlau; Madazio, 2011).
No caso da Escala URICA-V, cada item
teria um peso diferenciado de acordo com
sua influência sobre o estágio de prontidão
do paciente em relação ao tratamento
fonoaudiológico para voz, com a finalidade
de otimizar as informações contidas em
seus itens e de melhorar sua detecção e
discriminação em relação à disfonia. Além
de propor um novo cálculo dos escores do
instrumento nos momentos pré e pós-
terapia com o propósito de torna-lo mais
sensível (Castro; Trentini; Riboldi, 2010),
que possa ser aplicado à prática clínica, com
foco na melhoria da avaliação dos estágios de
prontidão de pacientes com disfonia e melhor
monitoramento para o tratamento.
Conclusões
Observou-se após AFC que dois
itens do domínio de pré-contemplação
não fatoraram em nenhum estágio de
prontidão e três itens se correlacionaram
negativamente no fator contemplação. Dois
itens do domínio de ação apresentaram carga
fatorial significante na contemplação e um
se enquadrou no fator manutenção. Apenas
um item de contemplação não fatorou no
respectivo domínio, não apresentando
carga fatorial considerada em nenhum
estágio de prontidão. Todos os itens de
manutenção fatoraram significativamente
ao seu respectivo domínio. Ao final, 12 itens
da escala URICA-Voz se correlacionaram ao
fator contemplação, ficando esse associado
ao maior número de itens, três itens foram
associados ao domínio pré-contemplação,
cinco itens à ação e nove itens à manutenção.
Série Iniciados v. 23
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