Série Iniciados Vol. 23 | Page 163

Escala URICA-V: nova perspectiva com base na teoria de resposta ao item estatística quando compararam as médias do escore total da URICA-V e os indivíduos se apresentaram no estágio de contemplação tanto no pré quanto no pós-terapia de grupo. Na comparação de cada item da escala URICA-V, os itens: 3, 16, 17, 19, 21, 24, e 28, apresentaram resposta igual ou inferior no momento pós-intervenção entre os pacientes avaliados, ou seja, não identificaram melhora em relação à adesão. O fato do domínio contemplação apresentar mais afirmações relacionadas/ fatoradas do que os demais pode justificar a não modificação do estágio de prontidão quando comparados os momentos terapêuticos, em que observa-se a permanência dos pacientes nesse domínio tanto no pré quanto no pós- terapia. A adaptação cultural não foi considerada no momento de validação da URICA-V, porém o Brasil é um país com características culturais e sociodemográficas diferenciadas em sua população. Assim, podendo justificar o fato da diversa interpretação dos itens da escala. Tal prática permite a comparação de resultados entre populações de diferentes localidades, além de ser uma forma efetiva de conseguir medidas confiáveis e válidas. Com a realização da adaptação cultural, as situações retratadas nos itens da versão original de um instrumento devem corresponder às vivenciadas pela população-alvo, ou seja, na cultura brasileira. A análise fatorial confirmatória permitiu compreender as correlações entre os fatores, as cargas fatoriais, bem como indicações do significado destas correlações. Após análise quanti-qualitativa dos itens de acordo com a análise fatorial, foi verificado que as afirmativas 26, 29 e 31 fatoraram significativamente ao fator de pré-contemplação. Os itens 5, 11 e 13 se correlacionaram negativamente ao domínio contemplação e os itens 2, 3, 4, 7, 12, 15, 19, 21, 24 fatoraram de forma significante em contemplação. Os itens 10, 14, 17, 25 e 30 enquadraram-se no domínio ação e os itens 6, 9, 16, 18, 20, 22, 27, 28, 32 fatoraram significativamente em manutenção. Sugere-se a partir de então que sejam realizadas as alterações descritas nos cálculos do instrumento, embasadas na análise fatorial confirmatória, e na sequência possa realizar a aplicação de uma teoria mais atual, como é o caso da Teoria de Resposta ao Item. A TRI foi sugerida anteriormente na literatura da área para aplicação nos protocolos de autoavaliação em voz, para diagnosticar com maior precisão os pacientes disfônicos (Branski et al, 2010; Behlau; Madazio, 2011). No caso da Escala URICA-V, cada item teria um peso diferenciado de acordo com sua influência sobre o estágio de prontidão do paciente em relação ao tratamento fonoaudiológico para voz, com a finalidade de otimizar as informações contidas em seus itens e de melhorar sua detecção e discriminação em relação à disfonia. Além de propor um novo cálculo dos escores do instrumento nos momentos pré e pós- terapia com o propósito de torna-lo mais sensível (Castro; Trentini; Riboldi, 2010), que possa ser aplicado à prática clínica, com foco na melhoria da avaliação dos estágios de prontidão de pacientes com disfonia e melhor monitoramento para o tratamento. Conclusões Observou-se após AFC que dois itens do domínio de pré-contemplação não fatoraram em nenhum estágio de prontidão e três itens se correlacionaram negativamente no fator contemplação. Dois itens do domínio de ação apresentaram carga fatorial significante na contemplação e um se enquadrou no fator manutenção. Apenas um item de contemplação não fatorou no respectivo domínio, não apresentando carga fatorial considerada em nenhum estágio de prontidão. Todos os itens de manutenção fatoraram significativamente ao seu respectivo domínio. Ao final, 12 itens da escala URICA-Voz se correlacionaram ao fator contemplação, ficando esse associado ao maior número de itens, três itens foram associados ao domínio pré-contemplação, cinco itens à ação e nove itens à manutenção. Série Iniciados v. 23 163