Série Iniciados Vol. 23 | Page 153

Escala URICA-V: nova perspectiva com base na teoria de resposta ao item resultados encontrados no decorrer do capítulo, buscando investigar por meio da autopercepção em qual estágio do ciclo de mudanças o paciente se encontrava para enfrentar a terapia de voz. Fundamentação Teórica Estudos populacionais estimam que a prevalência de disfonia na população em geral varia de 3% a 9% (VERDOLINI, RAMIG, 2001; ROY et al., 2005; BEHLAU et al., 2012; BHATTACHARYYA, 2014). A disfonia pode ser definida como um distúrbio da comunicação oral, que impossibilita a voz de cumprir seu papel na transmissão da mensagem verbal e emocional de um indivíduo (BEHLAU, 2001). Os fatores relacionados ao aparecimento da disfonia podem ser comportamentais ou orgânicos, que independente da causa, podem resultar na mudança na qualidade vocal (SIMBERG et al., 2009; BEHLAU et al., 2001) e em prejuízos à qualidade da comunicação, com impacto nas relações emocionais, profissionais e sociais, além de afetar a qualidade de vida do sujeito (KASAMA, BRASOLOTTO, 2007; COSTA et al., 2013; ALMEIDA et al., 2014). A voz é considerada um fenômeno multidimensional e, provavelmente, o sistema mais elaborado da comunicação humana, sendo compreensível que seja difícil a utilização de um método único para avaliar de forma abrangente e precisa a qualidade vocal e seus distúrbios (GUIMARÃES 2007; CARDING 2009). Assim, a avaliação básica da voz necessita ser realizada a partir de diversos métodos, como a avaliação perceptivo- auditiva, exame visual laríngeo, análise acústica, aerodinâmica e autoavaliação vocal, por parte do paciente (DEJONCKERE 2001; CARDING 2009). A avaliação vocal, tradicionalmente, é baseada na percepção do clínico, porém esses dados não são considerados suficientes para mensurar a real dimensão da disfonia, pois não fornecem informações sobre a percepção do paciente quanto às limitações impostas nas suas atividades de vida diária (UGULINO et al., 2012). A percepção do paciente quanto à própria voz, isto é, a autoavaliação sobre o quanto a disfonia compromete a qualidade de vida, oferece dados importantes para o diagnóstico vocal e fornece suporte para o direcionamento do planejamento terapêutico e monitoramento da intervenção (KASAMA, BRASOLOTTO, 2007; UGULINO et al., 2012; COSTA et al., 2013). A adesão do paciente ao tratamento é considerada um elemento de extrema importância para o êxito da terapia fonoaudiológica. Muitas vezes a adesão à terapia vocal desempenha um papel mais importante no processo de reabilitação do que a abordagem terapêutica utilizada (Portone; Johns; Hapner, 2008). Mudanças comportamentais são de grande importância na terapia vocal, bem como a adesão às orientações e procedimentos indicados pelo fonoaudiólogo, independente do fator etiológico (Gama et al., 2012). O sucesso do tratamento fonoaudiológico depende do envolvimento ativo e adesão do paciente no processo terapêutico, fato que não ocorre de maneira automática (Leer; Connor, 2008; Hapner; Portone; Johns, 2007). Dessa forma, é importante monitorar de uma forma fidedigna o estágio de prontidão em que o indivíduo se encontra em vários momentos da terapia, como pré, durante e pós. Um dos instrumentos utilizados para a mensuração do estágio de prontidão para mudança em indivíduos que se submetem a tratamentos de saúde é o University of Rhode Island Change Assessment (URICA), que foi desenvolvido a partir do Modelo Transteórico (Mcconnaughy; Prochaska; Velicer, 1983). No Brasil, desenvolveu-se a Escala URICAVoz a partir da adaptação para área de voz e validação para o português brasileiro (Teixeira et al., 2013). Ele tem como objetivo verificar o estágio de prontidão para mudança de pacientes com disfonia submetidos à terapia vocal e possui 4 domínios: pré- contemplação, contemplação, ação e manutenção (Teixeira et al., 2013). Instrumentos de autoavaliação como a Escala URICA-Voz fazem parte da avaliação básica da voz, pois acrescentam a visão Série Iniciados v. 23 153