Série Iniciados Vol. 23 | Page 154

Escala URICA-V: nova perspectiva com base na teoria de resposta ao item do paciente à perspectiva do profissional da saúde, que torna uma avaliação mais completa e segura, além de poder auxiliar a compreender a adesão ao tratamento proposto, interferir no prognóstico, embasar as decisões terapêuticas e ser métrica do monitoramento da evolução da disfonia ou do efeito do tratamento por meio da percepção do próprio indivíduo (Branski et al., 2010; Ugulino et al., 2012; Moreti et al., 2014; Almeida , 2016). Dessa forma, foram desenvolvidos protocolos de autoavaliação validados para área de voz para quantificar o impacto da disfonia na qualidade de vida e comportamento diário do indivíduo, bem como melhorar a compreensão do clínico sobre a impressão que o mesmo tem a cerca de sua voz (Gasparini; Behlau, 2009; Behlau et al., 2011; Moreti et al., 2014; Oliveira et al., 2012, Teixeira et al., 2013). Todos os instrumentos de autoavaliação devem passar por testes de confiabilidade, evidências de validade e acurácia no momento de validação para analisar os domínios e o índice de fidedignidade do instrumento. Então, ao investigar a validade certifica-se que o instrumento mede o que pretende medir, e confiabilidade para garantir a produção de dados fidedignos (Urbina, 2007). Para tal, faz-se necessária a verificação da estrutura fatorial dos itens que é determinada pela Análise Fatorial (AF). A AF é considerada uma das principais ferramentas no desenvolvimento, na avaliação, no refinamento e no uso de testes psicométricos (Damásio, 2013). Refere-se a um conjunto de técnicas estatísticas voltadas à análise de dados científicos que consiste em analisar se os grupos de variáveis estão relacionados ou não entre si, adequando-se ao objetivo de identificar a estrutura fatorial que será representada a partir das variáveis (Pasquali, 2012). A AF avalia de que maneira um determinado número de itens pode ser agrupado em um número menor de variáveis latentes (fatores) que expliquem as suas inter-relações, esses fatores representam 154 Série Iniciados v. 23 as dimensões latentes (construtos) que explicam o conjunto de variáveis observadas (Jöreskog, 2007; Damásio, 2013). Esse grupo de testes estatísticos pode ser dividido em duas principais vertentes: análise fatorial exploratória (AFE) e análise fatorial confirmatória (AFC). A primeira tem como objetivo investigar como um conjunto de itens se agrupa, no sentido de explorar a relação entre um conjunto de variáveis (Figueiredo; Silva, 2010). Já a AFC é utilizada para testar estruturas fatoriais e tem como objetivos a estimação das cargas fatoriais, variâncias e covariâncias e obtenção de índices de fidedignidade. Possibilita avaliar a invariância da estrutura e dos parâmetros de determinado instrumento em diversos grupos, simultaneamente (Damásio, 2013). Os resultados da AFC devem compreender as correlações entre os fatores, bem como apresentação do significado destas correlações (Andrade, 2008). Metodologia e análise Trata-se de uma pesquisa quantitativa, pois analisou dados numéricos derivados de questões objetivas por meio de recursos e de técnicas estatísticas pré- selecionadas; descritiva, porque foi capaz de identificar os itens que avaliam os traços latentes relacionados à voz; documental, pois a coleta de informações foi realizada a partir de protocolos de pacientes de um banco de dados do laboratório de voz; e transversal, pois examinou os itens de um protocolo de autoavaliação de voz de pacientes que responderam no mesmo momento histórico, em um único intervalo de tempo. Dentre os 1092 pacientes com registro no banco de dados, foram selecionados aqueles enquadrados nos critérios de elegibilidade determinados: apresentar queixa de voz; ter disfonia a partir da avaliação perceptivoauditiva da voz realizada por fonoaudiólogo, independentemente do tipo, da intensidade do desvio ou presença de lesão laríngea; ter idade acima de 18 anos; ter respondido a todos os itens da escala URICA-Voz; não ter respondido a mesma