Escala URICA-V: nova perspectiva com base na teoria de resposta ao item
do paciente à perspectiva do profissional
da saúde, que torna uma avaliação mais
completa e segura, além de poder auxiliar
a compreender a adesão ao tratamento
proposto, interferir no prognóstico, embasar
as decisões terapêuticas e ser métrica do
monitoramento da evolução da disfonia
ou do efeito do tratamento por meio da
percepção do próprio indivíduo (Branski et
al., 2010; Ugulino et al., 2012; Moreti et al.,
2014; Almeida , 2016).
Dessa forma, foram desenvolvidos
protocolos de autoavaliação validados
para área de voz para quantificar o
impacto da disfonia na qualidade de vida e
comportamento diário do indivíduo, bem
como melhorar a compreensão do clínico
sobre a impressão que o mesmo tem a cerca
de sua voz (Gasparini; Behlau, 2009; Behlau
et al., 2011; Moreti et al., 2014; Oliveira et al.,
2012, Teixeira et al., 2013).
Todos
os
instrumentos
de
autoavaliação devem passar por testes
de confiabilidade, evidências de validade
e acurácia no momento de validação
para analisar os domínios e o índice de
fidedignidade do instrumento. Então, ao
investigar a validade certifica-se que o
instrumento mede o que pretende medir, e
confiabilidade para garantir a produção de
dados fidedignos (Urbina, 2007). Para tal,
faz-se necessária a verificação da estrutura
fatorial dos itens que é determinada pela
Análise Fatorial (AF).
A AF é considerada uma das principais
ferramentas
no
desenvolvimento,
na
avaliação, no refinamento e no uso de testes
psicométricos (Damásio, 2013). Refere-se a
um conjunto de técnicas estatísticas voltadas
à análise de dados científicos que consiste
em analisar se os grupos de variáveis estão
relacionados ou não entre si, adequando-se
ao objetivo de identificar a estrutura fatorial
que será representada a partir das variáveis
(Pasquali, 2012). A AF avalia de que maneira
um determinado número de itens pode ser
agrupado em um número menor de variáveis
latentes (fatores) que expliquem as suas
inter-relações, esses fatores representam
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Série Iniciados v. 23
as dimensões latentes (construtos) que
explicam o conjunto de variáveis observadas
(Jöreskog, 2007; Damásio, 2013).
Esse grupo de testes estatísticos pode
ser dividido em duas principais vertentes:
análise fatorial exploratória (AFE) e análise
fatorial confirmatória (AFC). A primeira tem
como objetivo investigar como um conjunto
de itens se agrupa, no sentido de explorar
a relação entre um conjunto de variáveis
(Figueiredo; Silva, 2010). Já a AFC é utilizada
para testar estruturas fatoriais e tem como
objetivos a estimação das cargas fatoriais,
variâncias e covariâncias e obtenção de
índices de fidedignidade. Possibilita avaliar
a invariância da estrutura e dos parâmetros
de determinado instrumento em diversos
grupos, simultaneamente (Damásio, 2013).
Os resultados da AFC devem compreender
as correlações entre os fatores, bem
como apresentação do significado destas
correlações (Andrade, 2008).
Metodologia e análise
Trata-se
de
uma
pesquisa
quantitativa, pois analisou dados numéricos
derivados de questões objetivas por meio
de recursos e de técnicas estatísticas pré-
selecionadas; descritiva, porque foi capaz
de identificar os itens que avaliam os traços
latentes relacionados à voz; documental, pois
a coleta de informações foi realizada a partir
de protocolos de pacientes de um banco de
dados do laboratório de voz; e transversal,
pois examinou os itens de um protocolo
de autoavaliação de voz de pacientes que
responderam no mesmo momento histórico,
em um único intervalo de tempo.
Dentre os 1092 pacientes com registro
no banco de dados, foram selecionados
aqueles enquadrados nos critérios de
elegibilidade
determinados:
apresentar
queixa de voz; ter disfonia a partir da
avaliação perceptivoauditiva da voz realizada
por fonoaudiólogo, independentemente do
tipo, da intensidade do desvio ou presença
de lesão laríngea; ter idade acima de 18 anos;
ter respondido a todos os itens da escala
URICA-Voz; não ter respondido a mesma