Distribuição espacial e temporal das síndromes de dispersão em inselbergue na caatinga paraibana
Na baixa vertente, as espécies
herbáceas Encholirium spectabile e Vellozia
plicata, classificadas como anemocóricas,
são mais abundantes e contribuem para
o acúmulo de sedimentos rochosos em
diversos pontos do inselbergue, alterando
as
condições
microclimáticas,
como
disponibilidade de substrato, retenção de
água e sombreamento, o que pode favorecer
a germinação e estabelecimento de outras
espécies (SCARANO, 2009).
Na média vertente, autocoria foi a
síndrome mais representativa, com nove
espécies das quais, cinco são da família
Euphorbiaceae, que podem ter dispersão
secundária por formigas devido a presença
de elaiossomos nas sementes (LEAL et al.,
2007). Portanto, a distribuição das espécies
autocóricas pode ser influenciada tanto pelos
fatores edáficos e do próprio mecanismo de
autodispersão, como também pela dispersão
por formigas.
A zoocoria foi predominante no
topo, onde ocorrem solos mais profundos
e estruturados, que facilitam a retenção
de água, favorecendo a produção de frutos
carnosos e o estabelecimento de árvores
e arbustos (GOMES-PIRES et al., 2014).
A aglomeração de espécies zoocóricas no
topo pode ter influência de elementos
nucleadores, podendo ser um fator
importante na distribuição espacial de tais
espécies (DALLABRIDA et al., 2017), podendo
servir de poleiros e até mesmo como abrigo
para os dispersores (DUARTE et al., 2006).
Distribuição temporal
A frutificação foi observada ao longo
de todo o período de estudo, entretanto,
nenhuma
das
síndromes
apresentou
continuidade de frutificação. O pico da
frutificação da comunidade foi no mês de
junho com 16 espécies frutificando. Enquanto
em setembro foram registradas apenas
quatro espécies em frutificação.
As espécies zoocóricas apresentaram
um pico de frutificação no mês de abril,
enquanto nos meses de setembro e
outubro
não
registrou-se
indivíduos
zoocóricos frutificando. Para autocoria, foi
contabilizado o maior número de espécies
frutificando em junho e julho, e no mês de
dezembro não foram registrados indivíduos
com frutos. Anemocoria não apresentou
pico definido e no mês de julho não foram
observados indivíduos anemocóricos, como
representado na Figura 5.
Figura 5. Relação entre o número de espécies em frutificação e a precipitação mensal da serra
do Jatobá, Serra Branca – PB, entre setembro de 2016 e agosto de 2017.
Série Iniciados v. 23
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