Série Iniciados Vol. 23 | Page 145

Distribuição espacial e temporal das síndromes de dispersão em inselbergue na caatinga paraibana Na baixa vertente, as espécies herbáceas Encholirium spectabile e Vellozia plicata, classificadas como anemocóricas, são mais abundantes e contribuem para o acúmulo de sedimentos rochosos em diversos pontos do inselbergue, alterando as condições microclimáticas, como disponibilidade de substrato, retenção de água e sombreamento, o que pode favorecer a germinação e estabelecimento de outras espécies (SCARANO, 2009). Na média vertente, autocoria foi a síndrome mais representativa, com nove espécies das quais, cinco são da família Euphorbiaceae, que podem ter dispersão secundária por formigas devido a presença de elaiossomos nas sementes (LEAL et al., 2007). Portanto, a distribuição das espécies autocóricas pode ser influenciada tanto pelos fatores edáficos e do próprio mecanismo de autodispersão, como também pela dispersão por formigas. A zoocoria foi predominante no topo, onde ocorrem solos mais profundos e estruturados, que facilitam a retenção de água, favorecendo a produção de frutos carnosos e o estabelecimento de árvores e arbustos (GOMES-PIRES et al., 2014). A aglomeração de espécies zoocóricas no topo pode ter influência de elementos nucleadores, podendo ser um fator importante na distribuição espacial de tais espécies (DALLABRIDA et al., 2017), podendo servir de poleiros e até mesmo como abrigo para os dispersores (DUARTE et al., 2006). Distribuição temporal A frutificação foi observada ao longo de todo o período de estudo, entretanto, nenhuma das síndromes apresentou continuidade de frutificação. O pico da frutificação da comunidade foi no mês de junho com 16 espécies frutificando. Enquanto em setembro foram registradas apenas quatro espécies em frutificação. As espécies zoocóricas apresentaram um pico de frutificação no mês de abril, enquanto nos meses de setembro e outubro não registrou-se indivíduos zoocóricos frutificando. Para autocoria, foi contabilizado o maior número de espécies frutificando em junho e julho, e no mês de dezembro não foram registrados indivíduos com frutos. Anemocoria não apresentou pico definido e no mês de julho não foram observados indivíduos anemocóricos, como representado na Figura 5. Figura 5. Relação entre o número de espécies em frutificação e a precipitação mensal da serra do Jatobá, Serra Branca – PB, entre setembro de 2016 e agosto de 2017. Série Iniciados v. 23 145