Distribuição espacial e temporal das síndromes de dispersão em inselbergue na caatinga paraibana
de conservação (TEIXEIRA, 2016). Continua
passando por um extenso processo de
alteração e deterioração ambiental, levando
à eliminação de processos ecológicos
chave e à formação de extensos núcleos
de desertificação em vários locais (LEAL;
TABARELLI; DA SILVA, 2003), incluindo,
por exemplo, o Cariri paraibano (SOUZA;
SUERTEGARAY; LIMA, 2009).
A região do Cariri paraibano
é considerada como área de extrema
importância biológica (GIULIETTI et al.,
2004), devido ao alto grau de pressão
antrópica e considerável riqueza de espécies.
A região apresenta áreas isoladas, as quais
se diferenciam da matriz circundante,
denominadas de inselbergues (POREMBSKI,
2007), com condições ecológicas extremas,
como estresse hídrico, altos níveis de radiação
solar e pouca disponibbilidade de substrato
(IBISCH et al., 1995 / PEREIRA-NETO;
SILVA, 2012). Devido a tais características,
os inselbergues podem formar um centro
de diversidade para determinados grupos
vegetais, adaptados as condições ambientais
extremas (POREMBSKI, 2007), e uma alta
riqueza de espécies (ARAÚJO et al., 2008).
Desta forma, a presença de inselbergues
aumentam a heterogeneidade ambiental
(diversidade beta), o que afeta diretamente
a variação na composição de espécies quanto
na estrutura entre as áreas (MENINO et al.,
2015), ressaltando a necessidade de maiores
estudos e estratégias para conservação destes
ambientes (SCARANO, 2007).
A serra do Jatobá localiza-se no
município de Serra Branca, na microrregião
do Cariri paraibano, estando dentro de
uma área prioritária para conservação da
biodiversidade da Caatinga (TABARELLI;
SILVA, 2003). Caracteriza-se por formações
graníticas e gnáissicas isoladas e como
os demais inselbergues apresentam uma
vegetação distinta do entorno (INSA, 2012).
Considerada como o principal monumento
geológico e turístico municipal, a Serra do
Jatobá recebe visitas de cunho religioso,
turístico e esportivo. Tais atividades trazem
consigo impactos negativos para o ambiente,
como queimadas, acúmulo de resíduos,
perturbação da vida silvestre e compactação
do solo.
Diante
destas
importâncias,
o
presente estudo tem como objetivos
identificar e caracterizar as principais
síndromes de dispersão ocorrentes na área
e verificar a possível variação no espectr o
reprodutivo ao longo do gradiente altitudinal
e de pluviosidade mensal.
Fundamentação teórica
Os atributos reprodutivos vêm con-
tribuindo para a compreensão da heteroge-
neidade morfológica e funcional (MACHADO;
LOPES, 2002). A diversidade funcional das
interações planta-animal atua analisando a
estrutura da comunidade e o funcionamento
do ecossistema (FONTAINE et al., 2006 / GI-
RÃO et al., 2007), visto que a disponibilidade
de recursos está relacionada com a capacida-
de de prover serviços ecossistêmicos.
Os atributos de frutos em Caatinga
foram estudados e relacionados com as
síndromes de dispersão, sendo a zoocoria
mais frequente, seguida da anemocoria
e da autocoria (QUIRINO, 2006 / GRIZ;
MACHADO, 2001). A dispersão de sementes
e frutos representa uma importante fase do
ciclo reprodutivo das plantas, sendo também
crítica na regeneração de populações e
comunidades naturais (JANZEN, 1970).
Considerando a dispersão como um evento
vantajoso, pode-se esperar que os diásporos
apresentem adaptações que a facilite
(FERREIRA; BORGHETTI, 2004). A evolução
dos frutos é um aspecto fundamental das
irradiações evolutivas das angiospermas, que
ocorreram devido à adaptação ao seu agente
dispersor.
A forma de dispersão de diásporo
vegetal é fundamental para a colonização e
estabelecimento das plantas nos ambientes,
sendo tal processo responsável por manter a
biodiversidade vegetal e, consequentemente,
animal (MACHADO; LOPES, 2002), de
maneira que o entendimento dos padrões
de dispersão dos diásporos na comunidade
fornece ferramentas para o manejo e
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