Série Iniciados Vol. 23 | Page 138

Distribuição espacial e temporal das síndromes de dispersão em inselbergue na caatinga paraibana Ilton Nunes de Sousa Neto¹ Zelma Glebya Maciel Quirino² Resumo A dispersão de sementes é um processo-chave no ciclo de vida das plantas. As espécies de uma comunidade vegetal têm diferentes mecanismos para dispersar seus diásporos. Na Caatinga paraibana, existem afloramentos rochosos que se diferenciam da matriz circundante, com condições ecológicas características. O objetivo deste estudo foi verificar a variação espacial e temporal das síndromes de dispersão em uma área de inselbergue. Realizamos visitas mensais, ao longo de um gradiente altitudinal. Para verificar variações entre as proporções das síndromes no gradiente altitudinal utilizou-se o teste Qui-quadrado e para variações temporais, correlação de Spearman e estatística circular. Registrou-se frutificação ao longo de todos os meses de coleta, contabilizando 29 espécies, distribuídas em 16 famílias. As espécies foram classificadas como zoocóricas (N=12), autocóricas (N=10) e anemocóricas (N=9). Não houve variação significativa das síndromes ao longo do gradiente altitudinal. Apenas autocoria e zoocoria apresentaram correlação com a precipitação mensal. Palavras-chave: Afloramento rochoso. Frutificação. Sazonalidade. Zoocoria. Apresentação A dispersão de sementes, processo no qual o unidade dispersora é transportada para sítios distantes da planta-mãe, é uma etapa fundamental para a distribuição espacial das espécies, podendo ter consequências para o recrutamento, estabelecimento, demografia e a estrutura genética das populações vegetais (HERRERA, 2002 / JORDANO; GODOY, 2002). As espécies vegetais que compõem uma comunidade têm diferentes adaptações morfológicas e/ou fisiológicas que possibilitam a ação de vetores para dispersar seus diásporos, sejam vetores bióticos ou abióticos. O conjunto das proporções desses mecanismos numa comunidade vegetal é entendido como espectro de dispersão (HUGHES et al., 1994). De acordo com que as características da vegetação muda, o espectro de dispersão também poderá sofrer alterações. Em ambientes tropicais úmidos, a dispersão de sementes por animais é o mecanismo mais frequente observado nas espécies vegetais, enquanto em ambientes secos predomina os vetores abióticos como agentes dispersores (HOWE; SMALLWOOD, 1982). A Caatinga, bioma sazonalmente seco, apresenta altas taxas de endemismo (GIULIETTI et al., 2004), sendo o único bioma restrito ao território brasileiro, ocupando uma área de aproximadamente 850,000 km². Apresenta-se como um importante foco de estudo sobre os mecanismos de dispersão das espécies e atualmente é o bioma menos protegido entre os nacionais, com apenas 7,8% da Caatinga sob a proteção de unidades Título do Projeto de Pesquisa/Plano de Trabalho: Redes de interação entre planta x animal em área de Caatinga/ Guilda de frutos e seus dispersores em uma área de Caatinga ¹Estudante de Iniciação Científica: Ilton Nunes de Sousa Neto (e-mail: [email protected]) Instituição de vínculo da bolsa: UFPB/CNPq (www.propesq.ufpb.b, e-mail:[email protected]) ²Orientadora: Zelma Glebya Maciel Quirino (e-mail: [email protected], telefone: (83) 3291-1805) 138 Série Iniciados v. 23