Distribuição espacial e temporal das síndromes de
dispersão em inselbergue na caatinga paraibana
Ilton Nunes de Sousa Neto¹
Zelma Glebya Maciel Quirino²
Resumo
A dispersão de sementes é um processo-chave no ciclo de vida das plantas. As espécies
de uma comunidade vegetal têm diferentes mecanismos para dispersar seus diásporos.
Na Caatinga paraibana, existem afloramentos rochosos que se diferenciam da matriz
circundante, com condições ecológicas características. O objetivo deste estudo foi verificar
a variação espacial e temporal das síndromes de dispersão em uma área de inselbergue.
Realizamos visitas mensais, ao longo de um gradiente altitudinal. Para verificar variações
entre as proporções das síndromes no gradiente altitudinal utilizou-se o teste Qui-quadrado
e para variações temporais, correlação de Spearman e estatística circular. Registrou-se
frutificação ao longo de todos os meses de coleta, contabilizando 29 espécies, distribuídas
em 16 famílias. As espécies foram classificadas como zoocóricas (N=12), autocóricas (N=10)
e anemocóricas (N=9). Não houve variação significativa das síndromes ao longo do gradiente
altitudinal. Apenas autocoria e zoocoria apresentaram correlação com a precipitação mensal.
Palavras-chave: Afloramento rochoso. Frutificação. Sazonalidade. Zoocoria.
Apresentação
A dispersão de sementes, processo no
qual o unidade dispersora é transportada para
sítios distantes da planta-mãe, é uma etapa
fundamental para a distribuição espacial das
espécies, podendo ter consequências para o
recrutamento, estabelecimento, demografia
e a estrutura genética das populações vegetais
(HERRERA, 2002 / JORDANO; GODOY, 2002).
As espécies vegetais que compõem uma
comunidade têm diferentes adaptações
morfológicas
e/ou
fisiológicas
que
possibilitam a ação de vetores para dispersar
seus diásporos, sejam vetores bióticos ou
abióticos. O conjunto das proporções desses
mecanismos numa comunidade vegetal
é entendido como espectro de dispersão
(HUGHES et al., 1994). De acordo com que
as características da vegetação muda, o
espectro de dispersão também poderá sofrer
alterações. Em ambientes tropicais úmidos,
a dispersão de sementes por animais é o
mecanismo mais frequente observado nas
espécies vegetais, enquanto em ambientes
secos predomina os vetores abióticos como
agentes dispersores (HOWE; SMALLWOOD,
1982).
A Caatinga, bioma sazonalmente
seco, apresenta altas taxas de endemismo
(GIULIETTI et al., 2004), sendo o único bioma
restrito ao território brasileiro, ocupando
uma área de aproximadamente 850,000 km².
Apresenta-se como um importante foco de
estudo sobre os mecanismos de dispersão
das espécies e atualmente é o bioma menos
protegido entre os nacionais, com apenas
7,8% da Caatinga sob a proteção de unidades
Título do Projeto de Pesquisa/Plano de Trabalho: Redes de interação entre planta x animal em área de Caatinga/
Guilda de frutos e seus dispersores em uma área de Caatinga
¹Estudante de Iniciação Científica: Ilton Nunes de Sousa Neto (e-mail: [email protected])
Instituição de vínculo da bolsa: UFPB/CNPq (www.propesq.ufpb.b, e-mail:[email protected])
²Orientadora: Zelma Glebya Maciel Quirino (e-mail: [email protected], telefone: (83) 3291-1805)
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Série Iniciados v. 23