Série Iniciados Vol. 23 | Page 10

Produção e análise sensorial de cerveja artesanal utilizando extratos de frutos da espécie Spondias purpurea tanto ao aproveitamento do uso da fruta como à própria cerveja especial. O projeto foi realizado no Centro de Biotecnologia da Universidade Federal da Paraíba e a produção e análises da bebida ocorreram em 2016. Foram realizadas análises físico-químicas e microbiológicas, antes da análise sensorial. As análises microbiológicas foram realizadas com o intuito de demostrar que a bebida se mantinha em qualidades sanitárias adequadas ao consumo pelos julgadores da sensorial. Os participantes da pesquisa faziam parte da comunidade da UFPB do Campus I. Após as análises, os resultados coletados foram analisados e estão apresentados, detalhadamente, no capítulo a seguir. Fundamentação Teórica Cerveja pode ser definida, segundo a legislação brasileira, como sendo “a bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto cervejeiro oriundo do malte de cevada e água potável, por ação da levedura, com adição de lúpulo” (BRASIL, 2009). A importância do mercado cervejeiro no Brasil pode ser observada pelos números que este mercado possui, sendo responsável por 1,6 % do PIB nacional e 14 % da indústria de transformação nacional, destacando-se como um dos setores que mais empregam no Brasil (CERVBRASIL, 2016). Além disso o Brasil é um dos maiores consumidores de cerveja no mundo e o terceiro maior produtor, ficando atrás apenas do Estados Unidos e da China (SEBRAE, 2017). O mercado cervejeiro é dominado por grandes cervejarias, que possuem produção em massa e se concentram em produzir poucos estilos, destacando-se as american largers, de características leve, pálida, diluída, de poucos sabores e aromas, onde é permitindo, na formulação, a adição de até 45 % de adjuntos, fonte de carboidratos de grãos diferentes do malte da cevada (STRONG; ENGLAND, 2015; MARDEGAN et al., 2013). Contrapondo-se a isto, as microcervejarias exploram os mais variados estilos no mercado emergente de cervejas especiais. 10 Série Iniciados v. 23 Mas este mercado de cervejas especiais não possuem dados precisos de volume de produção e de venda, mas estima-se que ele seja menor que 1% do mercado nacional. Mas este cenário está mudando, tendo em vista o aumento do número de registros de novas microcervejarias junto ao Ministério da Agricultura Pecuária e abastecimento (MAPA), que, apenas nos primeiros cinco meses de 2017 foi de 91 novas unidades (ABRACERVA, 2017). Tais dados denotam a importância de se investir em pesquisas e inovação para este setor. A popularidade das cervejas artesanais tem aumentado no nordeste brasileiro, mesmo o consumo, quando comparado com as cervejas industriais, ser modesto. Devido ao fato das cervejarias artesanais produzirem bebidas diferenciadas e de diversos estilos, aumenta-se, neste segmento, a possibilidade de utilização de diversos ingredientes atípicos na produção de cervejas, como especiarias, raízes, flores e frutos. Abrindo caminho para a produção e criação de diversos estilos de cervejas, dentre os quais, as cervejas denominadas fruit beer (cervejas com frutas: suco ou extrato) vêm ganhando mercado no seguimento microcervejeiro no Brasil. Este estilo apresenta sabores e aromas leves e refrescantes, que combinam com o clima tropical e podem ser usadas como forma de valorização de frutas de determinada região e agregar valor à cerveja artesanal. O uso de sucos e extratos de frutas em cerveja é permitido segundo o decreto Nº 6.871, de 4 de junho de 2009 (BRASIL, 2009). Diante disso, pesquisadores brasileiros estão produzindo cervejas adicionadas de frutos com importância regional, dos quais podemos citar trabalhos com produção de cerveja com adição de polpa de murici (Byrsonima ssp.) (ARRUDA; PEREIRA-JUNIOR; GOULART, 2013), de cajá (Spondias mombin L.) (FREIRE et al., 2016), de tamarindo (Tamarindus indica L.) (CARNEIRO, 2016), de maracujá (Passiflora edulis f. flavicarpa) (ROSSONI; KNAPP; BAINY, 2016) e com adição de acerola (Malpighia emarginata DC) e abacaxi (Ananas comosus L. Merril) (PINTO et al., 2015). Estes