Em março de 2012, a vida do jovem coletor de lixo Pedro Bernardo da Silva, na época com 26 anos, foi mudada quando, durante um dia de trabalho recolhendo lixo na Avenida Dona Constância, em Maceió, um veículo em alta velocidade colidiu na traseira do caminhão de lixo onde ele estava, imprensando-o contra o veículo. Pedro morava no município de União dos Palmares e, há 10 meses, havia se mudado para Maceió para trabalhar como coletor de lixo.
Após o acidente, ele foi levado para o centro cirúrgico do Hospital Geral do Estado (HGE), onde teve a perna esquerda amputada por causa da gravidade dos ferimentos, e recebeu fixadores na perna direita devido a uma fratura exposta. Familiares só souberam da amputação do membro e do estado de saúde de Pedro por meio de uma reportagem veiculada na televisão.
Após a cirurgia, o gari foi transferido para o Hospital do Açúcar, onde uma campanha nas redes sociais mobilizou centenas de pessoas para ajudá-lo com doações de materiais hospitalares. Dinheiro também foi arrecadado para ajudar a família dele, enquanto não saía o dinheiro do seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres), pago por motoristas para indenizar vítimas de trânsito por morte, invalidez permanente ou com reembolso de despesas médicas.
Quase 3 anos após o acidente, o ex-gari ainda sofre as consequências do acidente e tenta se adaptar à vida de deficiente físico. “Nunca pensei que isso pudesse acontecer comigo, principalmente durante meu trabalho. Foi uma fatalidade. Apesar de já estar bem de
saúde e tentar levar uma vida normal com a minha prótese, ainda assim não é a mesma coisa”, falou Pedro.
Ele é apenas mais um nas estatísticas de acidentes de trabalho. Hoje, ele recebe benefício de aposentadoria do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por invalidez, no valor de um salário mínimo, por ter ficado incapacitado de exercer suas atividades.
“Na época do acidente, eu recebi parte do seguro DPVAT, e ainda falta receber o restante. Com relação ao acidente, a empresa não tomou nenhuma providência e o único auxílio que me deu foi um ventilador, quando eu estava internado, e algumas idas de carro à fisioterapia, no início do tratamento. Até hoje minha família está se mantendo do dinheiro da minha aposentadoria, já que não consegui emprego depois disso”, afirmou o ex-gari.