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ISBN 978-65-991619-0-2 Boa parte da população não tem consciência do quanto é prejudicial essa prática e, no intuito de ajudar, acabam por colaborar com o trabalho da criança ao comprar seus produtos ou serviços, ou até mesmo dando esmolas, incentivando a mendicância. Longe de o dignificar enquanto ser humano, ser conivente com tais atos só nos torna cúmplices de um crime contra a infância e adolescência daqueles que dizemos ser o futuro do nosso país. 1.1 História da criança Conforme Ariès (1978), até o século XII a infância não tinha lugar no mundo, as crianças não eram representadas como tal, mas sim como miniaturas de adultos e nem mesmo em representações artísticas elas estavam presentes. Apenas a partir do século XIII que as caricaturas de anjos passaram a ter rostos mais juvenis, mas ainda assim, eram de adolescentes, idade em que já se era útil para algum trabalho. Isso acontecia, em parte, pelo grande número de mortes infantis, devido às condições demográficas da época. A partir do século XVII, a criança passou a ser vista sob um novo olhar, de maior sensibilidade, e isso se deu por conta da arte, do espaço que a criança passou a ter nas pinturas e esculturas. Conforme Simões (2014), no XVIII existia a roda dos expostos, onde as crianças eram deixadas e acolhidas por hospitais, conventos e instituições públicas. Esse mecanismo consistia em um cilindro, com uma abertura para que o recém-nascido fosse deixado aos cuidados dessas instituições. A roda dos expostos expressa o abandono e abuso sofrido pelas crianças no Brasil. Social Meeting Scientific Journal, São Paulo, Brasil, v. I, n. 1, ano 1 junho de 2020 (edição especial de lançamento) 51