Social Meeting Scientific Journal eSocial Brasil | Page 27

ISBN 978-65-991619-0-2 Esse movimento secundário refere-se ao estabelecimento da resistência como um movimento inicial que pode levar os grupos a movimentação em torno de mudanças consideradas significativas. É interessante, nesse ponto, destacar que a junção de pessoas no mesmo território levaria a construção de um sentimento grupal, com estabelecimento de sentimentos que levam ao envolvimento. Freud, em “Psicologia de grupo e análise do ego” (1921) propõe que o sentimento de rivalidade inicial pelo diferente pode se transformar, quando o sujeito estiver em grupo, como espírito de grupo, isso é, com um sentimento de proteção ao que o sujeito considera como igual a ele e destinação da hostilidade ao diferente. Em uma proporção maior isso também pode acontecer, ou seja, pode-se buscar proteger o território e as pessoas que conferem identidade ao sujeito e hostilizar, rechaçar o que se entenda por diferente. Eis a justificativa, nesse sentido, para as ações de resistência diante da percepção da diferença. Desde os primórdios das sociedades civilizadas e até anteriormente a isso, desde que o homem primitivo começou a se organizar em clãs, procura encontrar pontos de apoio em quem reconhece como semelhante (como uma espécie de amparo e apoio ao ego) e rejeita, utilizando-se da resistência ao que pode ser diferente. Temos medo do estrangeiro, por exemplo, porque ele pode querer tomar nosso território. Lembremos, por exemplo, da resistência dos índios às invasões portuguesas e europeias aqui no Brasil. Tudo o que impõe diferença aos costumes, ao estilo de vida e ao pensamento, pressupõe, de acordo com Bion (1975), um sentimento inicial de resistência. É o que ele conceituou como “tendência à tradição”. Assim, a Social Meeting Scientific Journal, São Paulo, Brasil, v. I, n. 1, ano 1 junho de 2020 (edição especial de lançamento) 27