Social Meeting Scientific Journal eSocial Brasil | Page 28
ISBN 978-65-991619-0-2
resistência surge como um mecanismo de proteção diante
daquilo que ameaça a tradição e, portanto, a cultura do
grupo, abalaria a base do grupo. Pode-se dizer, também,
que quanto mais inseguro o grupo estiver de suas bases
culturais mais pode se apegar as tradições, temendo a
diferença, odiando o objeto que se inclui como estrangeiro
e, portanto, fazendo uso do mecanismo de resistência.
Pensando também, mais amplamente, pode-se
compreender, por exemplo, que na passagem da idade
média para a era moderna, o poder soberano perde força e,
de acordo com Foucault, o poder disciplinar passa a ser
estruturado. Sendo assim, as práticas disciplinares estariam
na pauta do modo de lidar com os impulsos e com a
sexualidade. O sujeito disciplinado é o sujeito, em tese,
adaptado às regras, um sujeito que terá que encontrar um
jeito para encontrar satisfação na vida, de acordo com o que
tem acesso.
A resistência surge para proteger o sujeito e/ou o
grupo, por isso, também se trata, “...sobretudo, de mais uma
força que a movimenta, também força de afirmação de si”
(CANAVÊZ, 2015, p. 230). Neste sentido, a resistência não
teria apenas a função de mantenimento da cultura do grupo
internalizada no sujeito, mas para além disso: uma vez que
ela se manifesta no sujeito permite a afirmação de um Eu
identificado com a cultura do grupo.
Sendo assim, temos dois aspectos a considerar, que
podemos trazer em cenários: pensemos no país A que
pretende invadir o território de B. Os movimentos de
resistência de A são explicados pelo sentido da proteção de
sua cultura, de sua história, de seu modo de vida, de sua
soberania e poder. Nesses sentimentos são contidos um
reconhecimento de tal como um país, como uma terra digna
de ser defendida, de ser amada. Por um outro lado, o
Social Meeting Scientific Journal, São Paulo, Brasil, v. I, n. 1, ano 1 junho de 2020 (edição especial de lançamento)
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