Social Meeting Scientific Journal eSocial Brasil | Page 26
ISBN 978-65-991619-0-2
conceito, dentre outros aspectos, passa a apresentar uma
nova função de utilidade, uma vez que essa entra em cena
com a incumbência de manter a mente em funcionamento
quando o risco de desorganização pode ser detectado. Isso
é, teria na resistência uma função protetiva quanto aos
riscos internos e externos dos perigos detectados. O risco
da desorganização e do sofrimento intenso estariam na
pauta que rege a existência desse movimento.
Por outro lado, se essa força psíquica pode ser útil
para proteger o sujeito de possíveis ataques, também,
quando utilizada em excesso pode impedir que se acessem
os aspectos mais profundos e que o sujeito tome contato
com suas verdades. Quanto maior a presença da força de
resistência, maior a probabilidade de uma transferência
psicótica, maior o risco detectado da desorganização
mental ou, como pode ser colocado em outras palavras:
quanto mais uso o sujeito faz da resistência, maior a
presença do medo de enfrentamento dos conteúdos
psíquicos em si mesmo.
Como Freud convida durante o percurso de
construção de sua obra, também podemos ampliar o
pensamento a respeito da resistência ao âmbito social, para
além da compreensão no espaço da relação entre paciente
e terapeuta. Sendo assim, a resistência pode ser pensada
como um movimento contido na subjetividade de cada
indivíduo bem como, pensando mais amplamente, na
mentalidade grupal. Dessa forma, uma vez que o
movimento de oposição pode aparecer no sentido da busca
pela preservação do psiquismo de cada sujeito e da
identidade do grupo ou mesmo de preservação da dor,
também pode-se pensar no movimento secundário que a
resistência pode vir a ocasionar.
Social Meeting Scientific Journal, São Paulo, Brasil, v. I, n. 1, ano 1 junho de 2020 (edição especial de lançamento)
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