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ISBN 978-65-991619-0-2
que somente a percepção da presença da resistência pelo
sujeito em análise, bem como do movimento de trazer para
o consciente o material inconsciente não eram suficientes
para o sucesso do tratamento psicanalítico, havia que se
compreender a função do movimento da resistência para os
conteúdos desse sujeito.
Um pouco anterior a isso, ainda na primeira tópica
de sua teoria, Em “Recordar, repetir, elaborar” (1914),
escreve que a resistência aparece em situações difíceis de
serem recordadas, em que o paciente, diante da dor de
entrar em contato com seu sofrimento (por meio da
recordação), pode preferir continuar sofrendo, resistindo, a
refazer o caminho da dor. Assim, quanto maior a resistência,
mais a repetição se substituirá à lembrança, necessitando
de um trabalho a fundo, de um trabalho que possibilite a
integração, o entendimento dos significados dos conteúdos,
para que o paciente reconheça essa resistência que ele
ignorava e o fazia ignorar os conteúdos mais dolorosos de
serem trabalhados.
Em um ensaio posterior, nas Conferências
introdutórias sobre Psicanálise, Freud escreve em
“Resistência e recalcamento” (1916-7) que algumas das
formas do aparecimento da resistência na análise reside na
dificuldade de rememorar fatos e conteúdos, na
impossibilidade do paciente realizar livre-associação, bem
como na evitação de pensar acerca da causalidade dos fatos
vividos por ele. A resistência não permite o
aprofundamento, uma vez que esse pode ser visto como
terrorífico e ameaçador da ordem já conhecida.
Com a proposição da segunda tópica, em 1923 e a
segunda teoria da angustia, em 1926, Freud concebe a
resistência em termos de instâncias psíquicas, sendo ela
diferenciada de acordo com o id, ego ou superego. O
Social Meeting Scientific Journal, São Paulo, Brasil, v. I, n. 1, ano 1 junho de 2020 (edição especial de lançamento)
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