O tradutor cleptomaníaco desenvolve a ideia da literatura como concreto. O
tradutor contratado decide omitir palavras, substantivos concretos, da obra que vertia
para o húngaro. Um lustre, objetos, dinheiro tudo isso era “roubado” pelo indivíduo.
Mensagem subliminar, fazendo jus à máxima italiana traduttore, traditore, em que o
tradutor jamais consegue captar a “aura” da obra original e precisa omitir inúmeras
palavras e verbos para alcançar o resultado que deseja.
Em O Presidente, a narrativa do famigerado que só dorme durante as sessões.
Metáfora aos governantes, que fecham os olhos perante às injustiças e estão sempre
prontos a se corromper por um bem maior para si mesmos. Novamente, a omissão.
Omitir a si próprio a fim de não se comprometer perante o povo. Neste conto, nem
os poetas escapam:
“(...) os poetas, que esmolam de todos, até dos mendigos, uma pequena palavra, um
pouco de carinho, esmolam só uma estatuazinha na esquina, a esmola da imortalidade
dos imortais (...) (2016, p. 65)
Tudo é fruto de ridicularização e de ironia para Kostolányi. Até do herói. Em
O salva-vidas, desvia-se do lugar-comum de que, aquele que salva outrem, é sempre