virtuoso e bom. Pode ser uma boa ação, entre tantas outras más. Como é no caso do
conto, em que o “salva-vidas”, torna-se um vadio sanguessuga. Só não
achincalhamento em suas primorosas traduções para o húngaro dos franceses como
Valéry e Rimbaud e também de Shakespeare, onde esta afirmação torna-se irônica
frente à crítica elabora pelo conto O tradutor cleptomaníaco. Tudo em Kostolányi é
móvel. Tão móvel quanto as denominações da terra em que vivia.
O leitor é, pois, estimulado – deparando-se com as cenas peculiares nos contos
de Kostolányi – a certo estranhamento heideggeriano e – consequentemente – à
contemplação do Ser. O fato é que a maior parte da literatura é clichê e possui
arquétipos e modelos pré-definidos. Inconscientemente, o leitor está “pronto” para
reconhecer as situações e as personagens e suas características. Nos contos deste
húngaro, há uma quebra de paradigmas. Um rompimento da realidade literárias para
a realidade real, em que em tudo se observa o erro e a imperfeição. Em que o herói,
muitas vezes, constitui um indivíduo amoral e desagradável; em que há desvios na
conduta das personagens assim como há nos indivíduos que nos rodeiam.