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Se por um lado, o poeta parnasiano manteve certa estranheza supersticiosa do primeiro poema, convém notar, por outro, alguns pontos técnicos importantes na tradução deste último. Em primeiro lugar, a liberdade do tradutor em relação ao metro das estrofes, originalmente escritas em alexandrinos, nos versos 1 e 3, e octassílabos, nos versos 2 e 4. Para um maior manejamento das imagens fantásticas, embora mais atenuadas, mais próximo à Poesia social/Ideia nova, Raimundo Correia tenha optado por traduzi o esquema estrófico com três alexandrinos, com um hexassílabo fechando a quadra. Outro aspecto relevante é que Correia não traduziu a última quadra do poema, estrofe de teor mais fantástico. Vejamos essa sequência do poema, no original, seguido de nossa tradução: — Telle est la prophétie effroyable de haine Qu’un grand fantôme au nez camard, M’a faite, l’autre nuit, sur un trône d’ébène, Au milieu d’un noir cauchemar. – Tal fora a profecia de raivoso espanto Que um fantasma com seu cutelo, Me fez, sentado em trono de ébano, no entanto, Na penumbra de um pesadelo. É importante destacar como esse tópos se desenvolveu em nossa poesia. Em momento posterior, por influência da tradução de Raimundo Correia, ou por meio da leitura de As Neurores, esse poema ganhou uma paráfrase interessante: ENTERRADO VIVO Enterraram-no vivo. Ele desperta, estremece num frêmito convulso, chama: ninguém responde. Na deserta, espessa treva só lhe acode o pulso.