Merece destaque também a tradução feita por Alfredo Castro , incluída em seu livro De Sonho em Sonho , de 1903 , do soneto :
PESADELO DE ASCETA
A serpente se ergueu sobre a minha alpercata , Fascinou-me , caiu sobre mim , num momento , E em torno do pescoço , em brusco movimento , Enroscou-se , formando ondulosa gravata .
Depois , desenrolou seus anéis , lento e lento , E , presa do reptil de testa larga e chata , Meu corpo , então , sentiu , numa bruma escarlata , A frieza glacial de um mole enlaçamento .
De repente , o animal , com os olhos d ' água cheios , Tomou boca , e tomou cabelos , membros , seios , Cerrando mais os nós , com ar apaixonado .
– " Tua forma - exclamei - de serpente recobra : Prefiro , se é mister que morra envenenado , A um beijo de mulher cem picadas de cobra !"
Também admirado pelos nossos parnasianos , Rollinat ganhou uma bela tradução do poeta Gustavo Teixeira :
MARCHAS FÚNEBRES
Tu , cujas brancas mãos de estátua , comovida , Carregadas de anéis , em gestos adejantes , Tiram a voz que embala e a súplica dorida Da entranha musical dos pianos soluçantes ;
Tu , cujo coração deseja que a harmonia Seja um mar onde vogue um inefável canto ; Tu , que à força de gênio , em uma sinfonia Pões risos de regresso e ais de adeuses em pranto :
-- Toca ainda uma vez essas marchas mortuárias Que o dantesco Chopin e o trágico Beethoven Deixam para os que vão , nas urnas funerárias , Sem remorsos , dormir lá onde prantos chovem !