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P’ra o perfume sentir de um corpo inebriante Que no colchão deixou a marca surpreendente, Enovela-se já, lascivo e petulante! Aspira nos lençóis a carne rósea e quente P’ra o perfume sentir de um corpo inebriante! Lambe-se todo então, e mia, e ronroneia, E quando enfim do amor se embriagou na essência, A bocejar se estira, o grácil corpo arqueia, Parece que do amor gozar vai a excelência! Lambe-se todo então, e mia, e ronroneia. Do tempo que passou a imagem ressuscita, Quando, conquistador e sempre triunfante, Nos telhados amou longa série, infinita, Das gatas que enganou, Don Juan, no seu desplante! Do tempo que passou a imagem ressuscita. Ó pantera do lar, tigre em miniatura! Seduz-me o vago aspecto e tua amenidade. O teu amigo sou, nenhuma criatura Como tu compreende a minha idealidade, Ó pantera do lar, tigre em miniatura! Antônio Sales, poeta e um dos colaboradores do famoso periódico O Pão: da padaria espiritual, traduziu-lhe o seguinte poema: TRISTEZAS DAS ÁRVORES Oh grandes vegetais! oh! Mártires do estio! Liras das virações – os músicos dos ares – Quer verdes estejais, quer vos despoje o frio, O poeta vos adora e vos sente os pesares! Quando o olhar do pintor procura o pitoresco É em vós que sabia a sôfrega avidez, Porque vós sois o imenso e formidável fresco Com que a terra sem fim cobre a sua nudez. Quando estala o trovão, e o granizo peneira, É a floresta um mar de encapeladas águas. E tudo – a faia enorme e a frágil amendoeira Solta nas penetrais lamentações de mágoas.