ENTRA A NOITE POR MIM DENTRO
Entra a noite por mim dentro.
Como um áspero tutano
Arqueando o meu pranto.
Entre os sismos do silêncio
A revestir as gotas secas
Deste dia que se finda
No ébrio pensamento.
Dura dura é nossa sina.
Composta de uma morte
Que se anuncia. Inteira.
Extensa em dimensões
Que se somam, ano a ano.
E quem de nós terá mais sorte?
O jovem que se vai desperto?
O velho que se vê disforme?
Nunca nunca saberemos.
Dispor do tratado geral da morte.
Mesmo que existam amuletos.
Mesmo que inventem remédios.
Há um limite arrancado das mágoas.
Um centro sísmico que nos acolhe.
Dissolvendo nossas antigas chamas,
Crias do absoluto nada.
Tudo tudo é mesmo um argumento:
Para que sejamos desenhos em nuvens.