Resposta da Participante 3 - 30 anos, graduada em Psicologia e atuante em Psicologia Clínica.
1) Com certeza! A faculdade nos permite conhecer muita coisa da psicologia mas é na atuação real no mundo cheio de variáveis que aprimoramos nosso conhecimento. E aí, fica cada vez mais evidente que seguiremos crescendo todos os dias, tanto como profissionais quanto como pessoas.
2) Em parte. Atuo na clínica apesar desta não ter sido minha primeira opção (sempre sonhei em seguir atuando em hospitalar). No entanto, me apaixonei bastante pela clínica mas ela é uma carreira difícil, porque precisamos ser mais do que psicólogos, precisamos ser autônomos e ter visão de negócio para sermos bem sucedido. Se eu pudesse atuar como clínica sob um salário justo e fixo, acredito que teria menos frustrações. A instabilidade do mercado e os desafios dos negócios me faz desfocar da parte que eu realmente acho interessante, que é a história do humano.
3) Bastante, em especial, no início da carreira. Atualmente, procuro entender minhas frustrações. Elas podem sinalizar algo que não está funcionando bem na relação com o cliente ou até mesmo na minha própria relação com o trabalho. Por outro lado, muitas vezes criamos expectativas que dizem mais das nossas demandas do que daquelas dos clientes. As vezes, queremos que a pessoa percorra um caminho que ainda não é o dela.
4) Ao meu ver, já estamos emocionalmente envolvidos quando nos dispomos ao encontro com o outro. Acredito que temos mais consciência das nossas emoções e podemos utilizá-las como ferramenta de trabalho. Mas isso não significa que irei partilhar tudo com meus clientes ou que quando eu saio do trabalho eu fico angustiada pensando no que o cliente está vivendo. Certos momentos nos tocam mais profundamente mas entendo que eles também responsáveis por sermos melhores profissionais.
5) Sim. Acho que profissionais da área de saúde tem uma sobrecarga maior de maneira geral devido a muitos fatores de instabilidade no trabalho, falta de tempo para se dedicar com tranquilidade ao trabalho e falta de suporte emocional. Para nós, há ainda um drama particular que é medo de que admitir um adoecimento de ordem mental venha a nos "desqualificar" enquanto profissionais. O cliente pode entender que se "não cuidamos de nós mesmos, como vamos cuidar deles?!" além do receio de ser visto com olhares diferentes por outros colegas, dificultando as indicações. Devido a baixa remuneração tenho visto muitos colegas atendendo muitas pessoas em pouco tempo, entrando em estado de exaustão física e mental sem a segurança de poderem se cuidar pois se não estiverem trabalhando não conseguem arcar com os custos altos de um tratamento.
33