Resposta da Participante 2 - 58 anos, graduada em Psicologia e atuante em Psicologia Clínica.
1) Trabalho há 30 anos como psicóloga clínica na Saúde Pública em equipe de Saúde Mental na rede ambulatorial substitutiva aos manicômios. É um trabalho que nos faz pensar, repensar, desconstruir e construir o espaço da clínica, o espaço político, a relação da cultura com a loucura, o tempo todo. Então, sim, claro, percebo esse crescimento enquanto uma condição maior de lidar com os desafios que essa prática apresenta.
2) Se realização significa ser um trabalho que ainda me desafia, a resposta é sim.
3) Na clínica, não se atende a demanda, trabalha-se a partir da demanda. Posso dizer que houve usuários com quem o trabalho não avançava ou o sofrimento não apaziguava. Na verdade, são esses casos os que mais nos fazem trabalhar, estudar , crescer profissionalmente. Não é à toa que os grandes casos clínicos de Freud são relatos de fracassos.
4) O psicólogo pode e terá emoções a partir dos relatos do seu paciente, mas não é nessa dimensão que o trabalho da clínica acontece. Então estudar, atender, fazer supervisão, discutir seus casos com seus pares, fazer análise ou terapia na linha de sua escolha é fundamental para que o psicólogo desenvolva suas ferramentas de trabalho e não responda a partir das suas emoções. Lembrar que a emoção diz da singularidade do psicólogo, não do paciente.
5) Nem dados epidemiológicos, nem a minha prática indicaram isso não.
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