A saúde mental dos Psicólogos
Quando se fala em saúde mental dentro do ramo da Psicologia, logo, na maioria das vezes, se vem à mente a saúde mental do paciente que é atendido pelo profissional de psicologia. Este pensamento se enquadra em um dos estereótipos da profissão: a psicologia clínica e o psicólogo como responsável pela saúde mental de seu paciente. A visão não está incorreta, mas também não abrange todos os níveis que a profissão de psicólogo atinge, e, muito menos, os desafios que o graduado em psicologia enfrenta em todas as diversas formas de exercer a sua profissão. Um desses desafios diz respeito, então, à sua saúde mental. Este desafio faz parte da rotina de profissionais de diversas áreas, porém, devemos destacá-lo no ramo da Psicologia, visto que vem sido deixado de lado em decorrência de um visão simplista da função do profissional.
Ao começar, portanto, a refletir sobre o assunto da saúde mental dos psicólogos, constata-se que há poucos trabalhos acadêmicos relacionados a essa questão em específico. Em sua totalidade, os trabalhos são desses profissionais que relacionam essa temática a outros tipos de pacientes e, nesse contexto, é importante que se reflita como está a preocupação do próprio psicólogo com a sua saúde mental privada, uma vez que essa é a profissão – ou deveria ser – que mais se preocupa, em todos os sentidos, com o tema em si e suas consequências.
Em relação a isso, torna-se importante destacar alguns desafios da profissão psicólogo para, posteriormente, relacionar isso à saúde mental desses profissionais. Sendo assim, algumas dificuldades de psicólogos que atuam nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) são abordadas por Dimenstein (1998) em seu estudo e, nesse contexto, talvez seja interessante destacá-las no presente trabalho para que se tenha a possibilidade de refletir sobre quais são as dificuldades, então, dos psicólogos brasileiros no geral. O autor diz que essas dificuldades dizem respeito a diversos fatores, dentre eles estão: o aumento dos casos de abandono logo nos primeiros encontros dos tratamentos por parte dos beneficiados; grande número de faltas, atrasos, resultados não pretendidos; dificuldade de inserção dos psicólogos nas equipes multiprofissionais; defasagem salarial; instalações físicas precárias e falta de material e apoio das instituições. Todos esses problemas fazem os psicólogos terem dúvidas de que seu trabalho é particularmente válido e estabelecem um mal-estar entre esses profissionais.
Letícia Carolina e Natália Magalhães
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