Saúde Mental Jun. 2017 | Page 27

o ingresso na universidade, para acontecer uma real democratização do ensino superior, é necessária a criação de condições concretas de permanência do aluno na

universidade até a conclusão do curso, por meio de programas que busquem atenuar

os efeitos das desigualdades provocadas por condições sociais e econômicas (Cherchiari, 2004).

Nesse contexto das dificuldades emocionais de estudantes, o apoio da

família e amigos se constitui como algo muito importância para

a melhora do jovem. Lidchi e Eisenstein (2004) ressaltam o

desenvolvimento da confiança em um membro da família, que

acontece na medida em que as funções autonomia e proteção

lhes são oferecidas equilibradamente pelos familiares.

Desta maneira uma família funcional é percebida como

afetuosa, com presença de diálogo, coesa, com regras

flexíveis, porém com limites claros, oferecendo recursos

necessários ao crescimento individual e apoio diante

das situações-problema.

Dentre os 15 entrevistados, 9 disseram que

procuraram a ajuda de amigos e familiares quando

encontraram dificuldades. Quando o indivíduo se sente bem,

devido às relações de afetividade, melhor se adapta às

circunstâncias novas e, mesmo quando os eventos estressores

não podem ser evitados, seus efeitos são menores, causando

menor prejuízo à sua saúde psicológica

(Souza, Baptista & Baptista, 2010).

Quando questionados sobre o CAEP UnB (Centro de Atendimento e

Estudos Psicológicos), apenas 5 estudantes conheciam o lugar, o que alerta

para a não divulgação desse serviço de maneira eficaz nos espaços

universitários. O CAEP realiza atendimentos individuais,

terapia conjugal e familiar e atendimento à violência de

gênero, e é aberto para toda a comunidade, incluindo

alunos da UnB.

É necessário que as universidades elaborem políticas

estudantis de atenção psicossocial, e que promovam

debates envolvendo toda a comunidade acadêmica.

Também é necessária a mobilização do Estado para o

desenvolvimento de políticas públicas, uma vez

que a saúde do estudante universitário está

ainda descoberta, visto que não se

enquadra em nenhum grupo de atenção

em saúde estabelecido pelos Serviços Básicos

de Saúde (Figueiredo & Oliveira, 1995).

Referências:

Cerchiari, E. A. N. (2004). Saude mental e qualidade de vida em estudantes universitarios. Tese de doutorado, Faculdade de Ciencias Medicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP.

Facci, M. G. D., & Tomio, N. A. O. (2009). Adolescência: uma análise a partir da psicologia sócio-histórica. Rev. Teoria e Prática da Educação, 12(1),89-99.

Lidchi, V., & Eisenstein, E. (2004). Adolescentes e Famílias no Contexto Médico. Em: J. Mello Filho (Org.), Doença e família (pp. 217-231). São Paulo: Casa do Psicólogo.

Revista Latino-Americana de Enfermagem. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto / Universidade de São Paulo, v. 3, n. 1, p. 05-14, 1995.

Souza, M. S., Baptista, A. S. D. & Baptista, M. N. Relação entre suporte familiar, saúde mental e comportamentos de risco em estudante universitários. Acta Colombiana de Psicologia, v. 13, n. 1, p. 43-154, 2010..

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