A doença mental foi tratada como elemento determinante do indivíduo, o doente perdeu seu valor social, ficou submetido ao poder da instituição e a mercê dos médicos e enfermeiros que passaram a ser seus responsáveis. A condição social e econômica dos pacientes tinham um peso muito maior que a própria doença, sua institucionalização acontecia pela ausência de poder e reconhecimento como indivíduo que o doente tinha na sociedade. A discriminação por classe social também acontecia, um doente rico com tratamento em um hospital particular era diferente de uma pessoa com a mesma doença tratada em um hospital público (Basaglia, 1985). O internamento do rico possibilitava o doente a dar continuidade a sua função social e sem interromper sua vida fora dos muros do hospital. Já o pobre era internado a força sem ter seus direitos como ser humano levados em conta, perdia sua identidade e singularidade ao ser misturado com tantos outros na mesma situação dentro dos manicômios.
Pioneiro na Luta Antimanicomial na Itália, o psiquiatra, Franco Basaglia chega ao Brasil em 1979 e traz visibilidade mundial ao tema e às condições em que a loucura era tratada no Brasil. Basaglia inspirou a criação da Lei 180, na Itália, em 1973, na qual, a norma que leva seu nome garante a extinção de hospitais psiquiátricos e que é vigente até os dias de hoje. Assustado com o cenário que encontra ao chegar ao Hospital Colônia, na cidade de Barbacena-MG, faz uma comparação do estabelecimento com os campos de concentração nazista. O médico serve como inspiração para o início de uma crítica radical ao sistema psiquiátrico e impulsiona uma transformação do pensamento que se tinha até então.
Pacientes em Hospital Colônica em Barbacena - MG.
Paciente bebendo água do esgotos no Hospital Colônia em Barbacena.
Fotos por Luiz Alfredo/Fundação Municipal de Cultura de Barbacena (1961).