Neste ano de 1967, o Juri para os desfiles de Carnaval foi composto da seguinte forma: Chico Buarque de Holanda (compositor) Bateria Ricardo Cravo Albin (musicologo e diretor o Museu da Imagem e do Som) harmonia e Melodia Diva Pieranti(soprano do tearo Municipal) evolução – Carlos Leite, coreografia de mestre sala e porta bandeira – Johnny Franklin (bailarino), fantasias e comissão de frente Ana Martins, alegorias José Roberto Teixeira Leite, desfile Italo Oliveira, Danublo Galvão e Aluisio Magalhães.(fonte Jornal da Manhã). Só no futuro os jurados seriam terinados para julgar o carnaval , até em tão eram escolhidos de acordo com sua projeção artistica na sociedade. Chico Buarque havia vencido o II Festival de Música Popular Brasileira de 1966 com a “Banda”. Neste mesmo ano Chico teve sua primeira música proibida pela Cesura Federal: “Tamandaré”, que continha frases consideradas ofensivas ao patrono da Marinha. Seu quesito de julgamento era o da Harmonia.
Na realidade o músico não entendia nada de julgar carnaval, achava que era para julgar os acordes do samba e nem passou por sua cabeça que era para analisar a relação entre o interprete e o restante da escola. A certa altura dos desfiles um fiscal o indagou se não estava dando notas, foi quando lhe foi explicado o que era na realidade o quesito Harmonia”. Não teve duvidas e exclamou que então alguém teria que dar as notas e foi embora. Arrumaram outro jurado para dar as notas e partiram para o hotel buscar de volta o compositor, que relutou mas enfim voltou apenas para figurar no corpo de jurados. Martinho da Vila se irritou com Chico Buarque pela nota baixa no quesito Harmonia que este teria dado para sua Vila Isabel – uma nota 9 e falou: “nem o Chico entendeu o samba da escola”. De fato Chico não foi quem atribuiu a nota, pediu desculpas e durante muitos anos não compareceu aos desfiles.
Em seu samba “Caramba” O compositor da Vila volta a carga sobre a nota: Fala Fala falador/ Não lhe dou bola porque sou bamba/Malha, malha malhador/que não aceita a evolução do samba. Realmente a nota do Chico não agradou...
Revista Samba Acadêmico Abril 2017 17