RPL - Revista Portuguesa sobre o Luto 4 | Page 22

nesta fase da minha vida. Hoje tenho dois filhos, o mais velho já quase com 13 anos. Minha querida amiga Odete também teve seu bebê arco-íris, Ricardo, aos 48 anos de idade*. A maioria das mães Unidas teve seus filhos, algumas optaram pela adoção, mas sem dúvida o apoio e troca de informações foram elementos essenciais para a superação do luto de todas nós.

Hoje, percebo em grupos na internet sobre o tema uma grande desinformação sobre procedimentos médicos. Vejo mães que tiveram partos prematuros engravidando novamente poucos meses depois, sem acompanhamento de alto risco, outras com necessidade de tratamento sem saber os caminhos a percorrer para conseguir obter medicamentos de alto custo gratuitamente, do governo. O luto da perda gestacional, e o próprio tema em si, continuam sendo tratados de forma velada, como se realmente fosse um problema menor. Muitos serviços médicos pelo Brasil, inclusive, sabem apenas lidar com finais felizes, quando o bebê nasce bem. Se algo dá errado no meio do caminho, via de regra falta atendimento humanizado e apoio psicológico na grande maioria dos hospitais. Para famílias que não têm condições de pagar este atendimento à parte, resta à mãe sofrer calada.

Em pesquisas realizadas recentemente (junho/2017) junto a mães que sofreram perdas gestacionais/neonatais, pude observar que a maior parte das mulheres sente falta de informações sobre exames para

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