Luto dos Homens
na Perda Gestacional/Neonatal
O Luto
Sigmund Freud foi o primeiro autor a descrever o luto como algo doloroso, por haver neste a perda de um objeto de amor. Para ele o luto não é uma patologia, uma vez que pode ser superado com o passar do tempo; o que ele considerava como patológico era a melancolia. Ainda assim, ele acreditava que não era fácil fazer com que a libido investida no objeto perdido fosse desligada e redirecionada a outros investimentos. Esse processo era considerado por ele como algo que iria ocorrer lentamente, e, por isso, o enlutado poderia apresentar um desinteresse pelo mundo externo, precisando de tempo para deixar seu Ego livre (GOULART, 2012; FREUD, 1917).
Após o postulado teórico de Freud sobre o luto outros autores descreveram esse processo, entre eles, John Bowlby que sistematizou o luto como consequência ao rompimento de um vínculo afetivo estabelecido (GOULART, 2012).
Para Bowlby (1985) o luto acontece dividido em quatro fases que não são definidas de forma rígida quanto ao tempo e onde pode haver oscilação entre duas delas durante o processo. A primeira fase é denominada de torpor, que, em geral, dura até uma semana e poderá ser interrompida por manifestações de raiva ou consternação; a segunda fase, denominada de saudade seria a busca da figura que foi perdida, o que pode durar por anos; a terceira, desorganização e desespero e por fim, a reorganização, onde o enlutado irá dar-se conta de suas oscilações emocionais, percebendo que a perda é permanente e que sua vida deve ser reconstruída, dessa forma, precisará fazer uma mudança comportamental.
Este processo pode ser muito doloroso e assustador, sobretudo se houver uma mudança na concepção de si a partir daquela perda, fazendo com que o enlutado não mais assuma o papel que tinha, mas sim tendo que se recriar.
O estudo do luto conta com contribuições fundamentais de Colin Murray Parkes (1998) que o definiu como:
“Uma reação a qualquer perda significativa, seja essa perda concreta ou simbólica, só podendo haver luto quando há um vínculo significativo entre o “objeto perdido” e, no caso em que ocorre a morte, o sobrevivente. A perda desse vínculo causa imenso pesar, sendo esta reação tão poderosa que, por algum tempo, obscurece todas as outras fontes de dificuldade.”
O luto é uma ruptura de um vínculo, um processo dinâmico e um impacto profundo que não tem data limite para acabar, é algo que estará sempre na vida das pessoas que sobreviveram, sendo algo subjetivo e particular (AQUINO 2011; FRANCO 2011).
Para Parkes (1998) o luto é entendido como uma importante transição psicossocial, com impacto em todas as áreas de influência humana. É uma reação normal e até esperada diante do rompimento de uma relação significativa, de um vínculo estabelecido. Para identificar as medidas de intervenção que precisam ser propostas é necessário avaliar
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