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com nosso luto, nesse sentido me sinto sozinha até hoje, pois meu marido apesar de cuidadoso sempre quis que eu esquecesse e seguisse. E para evitar ver minha família sofrendo e meu marido insistindo que eu supere é que eu guardo minha dor comigo.
Há dias em que estou bem, consigo ter esperanças, penso na possibilidade de ter um segundo filho, sim um segundo filho, pois a primeira foi e será sempre minha Sofia, minha primogênita e amada, mas tem dias que não quero nada, sinto uma dor imensa como hoje, gosto amargo na boca, a sensação de que estou caindo num poço sem fundo, mas para acalmar os que me amam e satisfazer essa sociedade “feliz” que não consegue conviver com o luto, com a dor do outro, faço de conta que está tudo bem, coloco um sorriso amarelo e sociável no rosto e sigo eu, minha Sofia no coração e essa sociedade eternamente feliz e egoísta.
Ana Lúcia Pinto Vidal
Pedagoga
Mãe da Anjinha Sofia
Palmas de Monte Alto/Bahia (Brasil)