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Vamos falar sobre luto...
Demorei um pouquinho em preparar esse texto, na verdade estava sempre adiando. Pensar no meu luto é ver os olhos encher de lágrimas, sentir a garganta doer e a voz embargar.
Sou uma mãe enlutada há um ano e um mês, dia 01 de novembro de 2015 minha filha veio ao mundo com 21 semanas de gestação já sem vida, tive uma pré eclampsia grave e precoce seguida de uma síndrome hellp. Quando cheguei no hospital já em falência de órgãos devido a PE o médico me disse que a única coisa que ele podia fazer era induzir meu parto onde minha sonhada filha nasceria já sem vida ou então morreríamos nós duas, pois naquele momento se a gravidez continuasse eu só tinha dois dias de vida.
Foi tudo muito triste, se tivesse ocorrido a partir das 26 semanas de gestação minha menina teria tido 5% de chance de vida mas ainda era cedo e perdi minha filha, assim ela se foi e eu fiquei, as vezes me pergunto fiquei onde, mas estou aqui contanto essa triste história.
A vida de uma mãe após uma perda gestacional ou neonatal não é nada fácil, nosso luto infelizmente não reconhecido e para sociedade é muito mais fácil silenciar essa dor do que ter que ouvir nosso triste lamento de um sonho lindo interrompido no meio do caminho.
A mãe que perde um filho fica louca independente dele ter nascido vivo ou morto, viramos feras em qualquer situação e com o coração em tudo que ocorre ao nosso redor nos atingisse, sensível e forte assim eu e muitas outras mãezinhas despedaçadas e silenciadas vamos seguindo nosso caminho vivendo um dia de cada vez.
Já ouvi todos os tipos de absurdos existentes, “esquece um dia você tem outro”, “não chore assim, esse anjinho precisa descansar”, “depois de tudo que passou vai querer outra gravidez?”, “por que não adota?”“, “esquece e segue sua vida”. Essas e muitas outras frases ouvi enquanto estava perdida dentro de mim, era como se tudo que minha dor representava era algo duro demais para o mundo ver e conviver, todos preferem ignorar.
Outro lado do mundo que eu não conhecia era o egoísmo das pessoas, amigos se afastaram para não conviver com alguém triste e vazio, chegou ao ponto de ser quase expulsa da casa de um “amigo” , pois eles tinham uma filha recém nascida. Mas também tive amigos fieis que seguraram e seguram minha mão até hoje, que entendem o quão triste pode ser a vida de uma mãe órfã de seu amado filho.
A minha família esteve comigo todo tempo, minhas irmãs se tornaram minhas mães, meus pais sofreram demais, e meu esposo nunca soube lidar