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que seja inexistente a presença desta matéria, contudo não é exposto de forma clara ou mesmo assumido como tal. Porém, existem composições que abordam a perda de um filho. Talvez, uma das mais conhecidas e que faz parte da cultura popular é Tears In Heaven, composta por Eric Clapton e Will Jennings. Dois factores concorrem para o reconhecimento e sucesso da música e, igualmente, a intemporalidade desta: 1) a música retrata o processo de luto, dor e desespero provocado pela trágica morte do filho de quatro anos de Clapton, 2) o tema e a forma como é abordado fornecem uma renovada e constante contemporaneidade à música. Nesta, encontramos uma questão que parcialmente contribui para o nosso objecto de estudo, a morte do filho, se bem que numa idade distinta daquela que tratamos, contanto que não deixa de existir o princípio de ligação parental, o sofrimento e luto a ela associado e que, na verdade, nos interessa observar. Vejamos:
“Would you know my name
If I saw you in heaven?
Would it be the same
If I saw you in heaven?
I must be strong
And carry on
'Cause I know I don't belong
Here in heaven
Would you hold my hand
If I saw you in heaven?
Would you help me stand
If I saw you in heaven?
I'll find my way
Through night and day
'Cause I know I just can't stay
Here in heaven
Time can bring you down
Time can bend your knees
Time can break your heart
Have you begging please, begging please
Beyond the door
There's peace I'm sure
And I know there'll be no more
Tears in heaven
Would you know my name
If I saw you in heaven?
Would you be the same
If I saw you in heaven?
I must be strong
And carry on
'Cause I know I don't belong
Here in heaven”
(Eric Patrick Clapton, Will Jennings; Tears In Heaven)
A questão central que acompanha a composição é a dúvida associada à quebra do vínculo prematuro, que remete o indivíduo para um sofrimento e angústia que não tinha experimentado antes. Tudo isto é acompanhado de uma necessidade de continuar a proteger o filho, desejando que este esteja num local melhor, em paz e segurança, promovendo assim uma extensão do comportamento parental esperado nos primeiros anos de vida de uma criança, como se ainda dependesse do progenitor proteger aquela criança e, sobretudo, como se não tivesse existido uma quebra do laço existente, quer físico quer sentimental. Aqui, desencadeia-se uma abordagem dupla ao sofrimento provocado pela perda: se por um lado, é uma dor profunda que fragmenta e fragiliza o indivíduo, remetendo-o para um fechamento psicológico e social, por outro lado é esta mesma dor, fomentada pela memória e pelos projetos que não se realizaram, que permitem que o indivíduo siga em frente, mesmo que não volte a ser o mesmo que no passado ou o mesmo que pretendia ser no futuro com a presença daquele filho. Mas é aqui que reside uma esperança final, um objectivo a ser atingido: a possibilidade de reencontro entre o progenitor e o descendente e que este seja o significado de um novo (re)começo, sem dor nem sofrimento como se nunca tivesse existido uma separação real.