motivos políticos responsáveis por sua adoção. No mínimo ressalta
sua superioridade face a demagogias faxineiras que alimentam
ilusórias agendas de fundação de uma nova ordem ideal, alheia à
materialidade do mundo e das pessoas que nele vivem.
Penso que este é um terreno possível de afirmação de um
reformismo democrático, em contraponto a narrativas distópicas
sobre o presente e a conjecturas utópicas sobre o futuro. Em vez
de repudiar o mundo que temos, em nome de um novo mundo –
por suposto, possível – ter como agenda a reforma deste mundo
que, afinal, não só temos, como constituímos, em suas/nossas
virtudes e vícios.
Agenda assim não se faz com os verbos resistir ou fundar.
Impõe conjugar, no cotidiano mutante da democracia política, os
verbos prosseguir e persistir. Sem Marielle Franco presente, mas
tendo sua companhia. Poderemos senti-la na materialidade dos
problemas que em vida ela tentou, ao seu modo, ajudar a resolver
a partir de ideias em que acreditava e de circunstâncias da sua
atividade política.
Segurança pública e política: sem Marielle, mas com franqueza
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