Produto de exportação
Eliane Cantanhêde
N
a missa para Marisa Letícia, que virou comício para Lula, no
dia 7 de abril [p.p.] (um sábado), o ex-presidente usou de toda
a emoção e de todo vigor retórico para clamar que seu grande
crime foi dar comida, escola e universidade para pobre. Porém,
assim como o impeachment de Dilma Rousseff foi pelas pedaladas,
mas não só por elas, a prisão de Lula foi pelo triplex no Guarujá,
mas não só por ele. Tanto as pedaladas como o triplex estão inseri-
dos num contexto muito mais amplo, são peças de um todo.
O que as investigações desvendaram, e as fotos no triplex
confirmam, é a íntima relação de Lula não apenas com uma
empreiteira, a OAS de Léo Pinheiro, mas com as grandes emprei-
teiras, conhecidas compradoras de políticos. No topo, a Odebrecht.
Os depoimentos de Emílio e Marcelo Odebrecht sobre as contas
secretas mantidas para o ex-presidente e geridas por Antonio
Palocci, antes e depois da Fazenda, são uma aula de como Lula foi
afundando nos braços pródigos, mas gulosos, das empreiteiras.
E foi nessa simbiose entre Lula e elas que o Brasil virou um
exportador de corrupção para América Latina, Caribe, África e
Europa. Começou na Venezuela, de Hugo Chávez, e se expandiu
para Peru, Colômbia, Equador, Angola..., com régios financia-
mentos do nosso BNDES e uma cereja do bolo: os marqueteiros de
Lula incluídos no pacote.
Para Fernando Gabeira, há uma estratégia nas investidas do
triângulo Lula-Odebrecht-BNDES em tantos países: a mistifica-
ção de Lula, sua transformação em líder mundial de massas. Mas
o revertério pega de jeito não só ele, mas também os aliados que
entraram no esquema internacional. Ou seria pura coincidência
que Lula esteja às voltas com a Justiça ao mesmo tempo que
outros ex-presidentes, como o do Peru?
Lula desceu a rampa do Planalto com 80% de popularidade e
ficou ainda mais à vontade nas suas relações com as empreitei-
ras, mantendo o controle do BNDES com Dilma na Presidência e
viajando pelo mundo, nos aviões da Odebrecht.
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