política pecebista. É preciso dizer que a tese do congresso de 1954
reafirmava muito da linha definida entre os anos de 1948 e 1950,
porém a realidade nacional e internacional indicava para algo dife-
rente. Já em 1955, o PCB apoiou a campanha de Juscelino Kubist-
chek e, valendo-se de algum espaço de liberdade (apesar de o partido
se manter ilegal), os seus militantes atuaram na sociedade, perce-
bendo que havia espaço para aglutinar forças e assim crescer.
Na necessidade de dar respostas a seus militantes sobre as
denúncias contidas no Relatório Kruschev, além de dar conta da
divisão formada entre os membros da direção do Partido, 3 o
Comitê Central destaca um grupo para redigir uma declaração
política visando reagrupar forças em torno de uma nova linha,
capaz de redefinir a atuação partidária. Esse encaminhamento
foi dado pelo então secretário de Organização, Giocondo Dias, a
Armênio Guedes, Mário Alves, Alberto Passos Guimarães, Dinarco
Reis, Orestes Timbaúba e Jacob Gorender, para que estes redigis-
sem o documento.
Um caminho político para o PCB
Desde que foi posto novamente na ilegalidade, em 1947, a
condução dos comunistas deu-se pelo acirramento das relações e
de sua atuação. O Manifesto de Agosto de 1950 deixa evidente o
caminho para o estreitamento da política para ações insurgentes.
Mas, no plano da sociedade, a despeito dessa posição oficial, a
política de aliança, por exemplo no meio sindical, avançava. Como
salienta Segatto (1995): “Após uma fase (1948-52) de combate aos
sindicatos oficiais e de organizar sindicatos paralelos, os militan-
tes comunistas começam a romper com o bloqueio imposto pela
linha política”.
A realidade se impunha, ano a ano, aos comunistas e a linha
política da ação insurgente, da violência vinha mostrando seus
limites quanto a ser uma resposta adequada às condições que o
Brasil apresentava. Mais diretamente, podemos dizer que, quando
adotava essa linha mais extremada, o PCB perdia sua capacidade
de atuar e influenciar o movimento de massas. Parecia que
sentiam na pele os resultados de atuar de maneira “Oriental”
sobre uma realidade “Ocidental”, anos antes de Gramsci ser
apreendido no Brasil.
3 Ver Segatto (1995).
Democracia e política de massas na Declaração de Março de 1958
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