Revista Tecnicouro (maio/junho 2021) Ed. 324 - completa | Page 14

presidente da Associação

O Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os Setores do Couro , Calçados e Afins ( Abrameq ), André Nodari , lamenta que com exceção de um pequeno número de empresas que se encontram em um estágio mais avançado , o processo de automação na produção de calçados ainda é muito incipiente . Segundo ele , a realidade não precisaria ser esta , visto que entre as empresas que ainda não evoluíram neste sentido , algumas inclusive já têm equipamentos que lhes possibilitam automatizar determinadas operações e processos . “ Não o fazem devido à dificuldade de superar as resistências das lideranças que administram o setor produtivo , levadas pela rejeição a mudanças que são naturais em seres humanos ”, lastima o executivo .

A produção do calçado , explica André Nodari , é dividida em operações setoriais , com alguns processos operacionalmente independentes , por exemplo o setor de cortes ; outras , como a preparação e a costura , podem ser compostas ou não , dependendo do tipo de produto ; num terceiro grupo estão as realizadas sequencialmente , desde a conformação até o acondicionamento do sapato na caixa , para o despacho . E é nesta linha sequencial que existem muitas operações possíveis de serem automatizadas .

Sistemas de Autorregulagem

Quando o sapato entra no processo produtivo , alguns equipamentos automaticamente já adequam as regulagens ao produto , em outros casos , cabe ao operador informar as características do sapato para as máquinas , que se autorregulam para realizarem a operação . “ Neste caso , podemos mencionar equipamentos e sistemas que já possuem um alto nível de automação , como trilhos transportadores e máquinas para montagem de base e enfranque , que reduzem de quatro para duas as operações - em comparação com máquinas convencionais ”, exemplifica .
Entre vários outros equipamentos que viabilizam ganho em processos e qualidade operacional , se destacam as máquinas para montar bico com sistema 4.0 , que ao receberem informações sobre as características do tipo de sapato a ser montado , automaticamente fazem a regulagem recomendada . O que , além de proporcionar considerável ganho de tempo , garante o ajuste com precisão e repetibilidade que resultam em qualidade , facilidade e agilidade , principalmente se tratando de produção de pequenos lotes .
Apesar dos benefícios , ainda são vários os argumentos sobre a dificuldade de implantação de automação na indústria de calçados . Variação de fôrmas , modelos e materiais , lotes de produção muito pequenos , necessidade de treinamento de pessoas , ritmo de produção e do próprio tempo de regulagem das máquinas muito variáveis são alguns exemplos para essa resistência .
Ainda assim , de forma lenta mas evolutiva , está acontecendo uma quebra deste paradigma no setor . Em algumas empresas ela acontece pontualmente em determinadas operações ou processos , em outras , de maneira mais interativa em setores específicos ou em conjuntos de operações . Essas empresas , conforme André Nodari , já observaram vantagens e benefícios gerados . Entre eles , ritmo de produção , rapidez e repetibilidade operacional dos equipamentos . “ A empresas que já quebraram este paradigma estão se destacado de forma flagrante no mercado , no que se refere a competitividade de preços , padrão da qualidade do produto e também na capacidade e versatilidade de se adequarem rapidamente às variáveis impostas pelo mercado , tendo rapidez e pontualidade no cumprimento dos compromissos de entrega ”, considera o executivo .
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André Nodari , presidente da Abrameq
14 • maio | junho